Idosos chineses estão cometendo suicídio para garantir que sejam enterrados em um cemitério em vez de cremados (4 fotos)

Muitas culturas vêem a velhice como um tempo para reflexão pacífica e uma preparação para a jornada final da vida. No entanto, algumas pessoas idosas na China estão sendo obrigadas a acelerar o processo de "passagem". Dezenas decidiram voluntariamente tirar suas próprias vidas por uma chance de serem enterradas em um cemitério, antes que uma proibição do governo em relação ao enterro entre em vigor.

As autoridades da província de Anhui planejam fechar todos os cemitérios após 1º de junho, simplesmente porque não há mais espaço para necrópoles. Os habitantes foram informados sobre a nova lei em abril passado, que indicava que até junho as pessoas mortas ainda podem ser enterradas, mas depois a única opção oferecida será a cremação. O anúncio causou uma grande celeuma entre os idosos residentes, especialmente em áreas rurais.

Enquanto as áreas urbanas de Anhui não se viram muito afetadas, a decisão de fechar os cemitérios não foi muito bem aceita por pessoas do meio rural. Eles acham que a idéia de cremação é algo horrível, pois simplesmente vai contra as crenças tradicionais chinesas. Assim, os idosos recorreram ao que eles acreditam ser a única opção que resta: cometer suicídio, a fim de cumprir o prazo de 1º de junho.

Wu Lixiu, 97 anos, tirou a própria vida em 12 de maio, e Zhang Wenying, de 87 anos de idade, enforcou-se um dia mais tarde. Em sua nota de suicídio, ela escreveu que acabava com sua vida para ter uma morte digna e que deveria ser enterrada de qualqyer forma. Pelo menos mais 7 suicídios de idosos foram registrados em três aldeias da província. Houve mortes similares na capital provincial também.

- "É difícil para as pessoas de idade aceitarem a política. O governo deveria dar-lhes mais tempo para pensar sobre isso, não apenas realizar publicar a notificação e pronto", argumentou um ancião. Mas, ao que parece, os suicídios não estão exatamente tocando os corações dos funcionários públicos chineses. Eles levam muito a sério a implementação da nova política: os funcionários do conselho público provincial estão visitando funerárias e destruindo todos os caixões que encontram pela frente como forma de se certificar que ninguém vai burlar a lei uma vez que a proibição de enterros tenha efeito.

No Ocidente também há uma grande resistência em relação a cremação, mas há que lembrar que tal prática é um dos processos mais antigos praticados pelo homem. Inclusive, em algumas sociedades este costume era considerado corriqueiro e fazia parte do cotidiano da população, por se tratar de uma medida muito mais prática e higiênica. Mas no século V d.C. o cristianismo promoveu uma intensa campanha a fim de abolir a prática da cremação dos cadáveres, por considerá-la pagã. Desde então os sepultamentos tornaram-se a maneira mais usual de dispor dos mortos, prática até hoje predominante no Brasil.

Entretanto, neste início de século, face aos problemas ambientais que se acentuam, como por exemplo a escassez de áreas adequadas para os cemitérios, observamos que há uma tendência quase natural de retomada da popularização da cremação dos mortos. Para começar que é muito mais barato e prático e sobretudo tem a preocupação com o meio ambiente. A cremação impede a formação do necrochorume, líquido proveniente da decomposição do corpo humano, comumente visto nos sepultamentos tradicionais. Quando em contado com o solo, este líquido pode gerar sérias contaminação tanto para os próprios humanos quanto para os animais, e ademais pode apresentar agentes transmissores de doenças, dependendo da causa mortis do sepultado.

Em geral a mais correta atitude na atualidade é, além de optar por utilizar um serviço de cremação, doar os órgãos, que cada vez são mais importantes para dar a oportunidade de melhor condição às pessoas que permanecem vivas e também para gerar soluções em prol do meio ambiente.

Fonte: Daily Mail.