O corredor Ron Clarke, acende a piraem Melbourne nos Jogos Olímpicos de Verão de 1956.
De todas as formas, ao ser uma vitrine mundial, também serviu para reivindicar situações injustas: os atletas americanos negros aproveitaram os jogos do México de 1968 para reivindicar seus direitos; bonzos atearam fogo em si mesmo como protesto pela ocupação do Tibet. E nesse caso específico foram utilizados para protestar pela origem nazista da própria tocha olímpica.
O símbolo mais venerado e reconhecível dos Jogos Olímpicos é a Tocha Olímpica. Na era moderna, a tocha apareceu pela primeira vez nos jogos de Amsterdã de 1928. A ideia foi sugerida por Theodore Lewald, membro do Comitê Olímpico Internacional, que mais tarde se converteu em um dos principais organizadores dos jogos de Berlim em 1936. A partir destes Jogos se tornou tradição o revezamento levando a tocha desde Olímpia, acesa em frente às ruínas do templo da deusa Hera, até a cidade anfitriã, onde acenderá a pira com a chama olímpica.
Esta relação de amor e ódio com a tocha não é coisa apenas de brasileiro. Se em nosso país a tocha despertou sentimentos antagônicos, com um grupo insatisfeito com a cena política e econômica; e outro orgulhoso de ser reconhecido, nas Olimpíadas de Melbourne, Austrália, em 1956 não foi diferente.
Os XVI Jogos Olímpicos tiveram a particularidade de que as provas de equitação foram realizadas na distante Estocolmo, na Suécia, devido à severidade das leis australianas quanto a entrada no país de animais estrangeiros, e também são lembradas pelas... cuecas olímpicas.
Acontece que um grupo de estudantes da Universidade de Sidney, encabeçados por Barry Larkin, queriam protestar pela origem nazista da tradição da tocha, e quiseram dar um toque de humor ao protesto. A ideia era fazer com que pensassem que um deles era o portador da tocha olímpica no último trecho até que fosse entregue ao prefeito Pat Hills.
Um dos estudantes, vestido com um short e camiseta branca, levaria a tocha sendo escoltado por um grupo de alunos. E a tocha? Fizeram uma caseira: pegaram um pé de cadeira, sobre ele pregaram uma lata de ameixa em calda e dentro da lata colocaram umas cuequinhas usadas empapadas de querosene.
Barry Larkin com a tocha falsa.
Quando a tocha chegou à cidade, os estudantes começaram seu revezamento na metade do caminho, mas no princípio quase todos se deram conta que era uma brincadeira e, sobretudo, quando devido ao movimento da original tocha as cuecas caíram da lata. Barry Larkin percebeu que iriam acabar passando vergonha e decidiu ele mesmo pegar a tocha, sem se importar que estava de camisa branca e calça marrom.
Ele empreendeu uma passada mais larga na corrida e conforme ia avançando, deixou para trás aqueles que perceberam que era uma brincadeira, as pessoas abriam passagem e inclusive foi escoltado por carros da polícia, transformando-se no revezamento oficial. A tal ponto que chegou até o palco onde estava o prefeito e depositou a tocha. Hills, que não era muito diferente de Eduardo Paes e que estava mais preocupado com seu discurso, nem olhou o que portava aquele rapaz.
Ele começou seu palavrório e... até que um de seus assessores se deu conta de que aquela não era a tocha oficial. Barry Larkin parecia um bagre ensaboado fugindo e rindo entre a multidão. Depois de alguns instantes de "terra, me engula, por favor!" e de um bando de gente andando de um lado para o outro sem saber o que fazer, tiveram a sorte de que naquele momento chegou o portador oficial, Harry Dillon, que fez a entrega e continuaram aquela vexatória cerimônia.
Harry Dillon com a tocha real.
Quando Larkin voltou a universidade, foi felicitado pelo diretor e foi aplaudido de pé por todos os colegas. Ele era confiável para perpetrar a farsa porque estava parcialmente familiarizado com Marc Marsden, o organizador do revezamento real. Larkin se tornou um veterinário de sucesso.
Durante os Jogos Olímpicos de Verão de 2000 em Sydney, quase toda a mídia veiculou a história da farsa de Larkin. Como resultado, a polícia tomou medidas para prevenir qualquer repetição da fraude. Isto incluiu seguranças ao longo das ruas. No entanto muitas pessoas começaram a se queixar que não podiam ver a tocha e a polícia moderou um pouco à segurança. Isto foi o bastante para que acontecesse quatro tentativas de interromper o revezamento, duas pessoas tentaram roubar a tocha e um homem tentou apagar a tocha usando um extintor de incêndio, mas ninguém conseguiu.
Fonte: Hoaxes.
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