Os hadzas se destacam, no entanto, por manter contato direto com a sociedade e continuam mantendo a coleta da natureza do que ela fornece espontaneamente. E também por que eles habitam o mesmo lugar, no norte da Tanzânia, há pelo menos 40 mil anos, vivendo de frutas, tubérculos e da carne de 30 mamíferos diferentes. Para alguns tanzanianos, os hadzas já não têm lugar em um país com intenções de se modernizar.
Eles são considerados a última tribo de caçadores-coletores da África, com aproximadamente 1.300 membros. Sua terra natal inclui o Vale Eyasi e as colinas próximas. Os hadzas continuam sendo um importante foco de estudo para os antropólogos, pois representam um elo moderno com formas de existência e sobrevivência humanas largamente abandonadas pela maior parte da humanidade.
Via: kiwiexplorer - Wikimedia/CC BY-SA 4.0
No entanto é necessário ressaltar que entre 900 e 1000 integrantes dos hadzas já estão sedentarizados, morando em lugares fixos, plantando sua própria comida e criando seu próprio gado.
Apenas entre 300 e 400 vivem como caçadores-recoletores, seguindo os costumes dos seus antepassados como há dezenas de milhares de anos, antes do estabelecimento da agricultura. Vivem sem leis, normas, calendário, religião nem organização social complexa, apenas com os conhecimentos necessários para a coleta e caça, que são transmitidos de forma oral.
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Como uma sociedade de caçadores-coletores, os hadzas não têm gado domesticado, nem cultivam ou armazenam sua própria comida. Eles sobrevivem caçando sua comida com arcos e flechas feitos à mão e procurando plantas comestíveis.
A dieta hadza é principalmente baseada em vegetais, mas também consiste em carne, gordura e mel. Os hábitos alimentares dos hadzas são estudados por cientistas de todo o mundo para compreender fenômenos como a obesidade, inexistente entre os membros da tribo.
Via: kiwiexplorer - Wikimedia/CC BY-SA 4.0
O povo hadzas é um dos poucos no mundo que mantêm há quase 10 mil anos hábitos alimentares baseados no consumo de caça e na coleta de frutos silvestres e tubérculos. A flora intestinal de seus integrantes é invejável e suscita uma espécie de excursionismo escatológico e científico sobre o povo. Biólogos costumam dizer que eles têm um dos melhores, senão o melhor, cocô do mundo. A microbiota dessa tribo milenar é rica em bactérias do bem e está associada a uma melhor imunidade.
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Os hadza falam uma linguagem única conhecida como hadzane, que incorpora sons de cliques, bem como sons mais familiares. De acordo com sua própria história, que eles preservam através da tradição oral, os hadzas viveram em seu ambiente atual na fronteira com as planícies do Serengeti desde seus primeiros dias como um grupo único.
Isso é relativamente próximo ao local onde o Homo habilis, um dos primeiros hominídeos, viveu há 1,9 milhão de anos. Geneticamente, os hadzas apresentam uma das mais antigas linhagens de humanos contemporâneos, de fato, estudos genéticos descobriram que eles não são parentes próximos de nenhum outro povo.
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Eles criam abrigos temporários de grama e galhos secos e possuem poucas posses, por isso assentamentos temporários e práticas agrícolas atualmente ameaçam o estilo de vida dos hadzas. Eles perderam entre 75% e 90% de suas terras nos últimos 50 anos.
Descobertas arqueológicas sustentam a hipótese de que, há vinte mil anos, todos os seres humanos eram caçadores-coletores. Hoje ainda subsistem caçadores-coletores onde outras formas de subsistência não são possíveis ou que se mantém em isolamento voluntário. A maior parte desses grupos teve ancestrais agricultores, que foram empurrados para zonas periféricas no decorrer de migrações e de conflitos.
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