O próximo encontro do G20 será realizado em Nova Delhi. Lá, Narendra Modi, atual primeiro-ministro da Índia, será o anfitrião. No entanto, os convites para a reunião deram início a um debate que já vinha fermentando há algum tempo sobre o país asiático. Rashtrapati Bhawan, a residência oficial, enviou convites em nome do "Presidente de Bharat", em vez do habitual "Presidente da Índia". Uma mudança de nome que não é uma coincidência, mas que vai ao encontro de um profundo debate sobre o nome que o país deveria usar. |
O Artigo 1 da Constituição Indiana diz o seguinte: "A Índia, isto é, Bharat, será uma União de Estados." É assim que começa a lei suprema da Índia adotada em 1950. Seu primeiro artigo já reconhece o status oficial do nome Bharat.
O nome Bharat tem várias origens possíveis. Desde um derivado do nome da tribo Bharatas que é mencionada como uma das tribos originais de Aryavarta até uma referência ao povo Bharat, descendentes de Bharat, filho de Dushyanta, conforme descrito nos textos do Mahabharata. Há também os textos dos Puranas, que descrevem o país como Bharatavarsha, em homenagem a Bharat, filho de Rishabhanatha.
Praticamente todos os principais textos hindus usam o termo Bharat Ksetra. Para se referir não apenas ao que hoje é a Índia, mas a uma região que também inclui países modernos como o Afeganistão, Bangladesh, Paquistão, Nepal, Butão, Maldivas e Sri Lanka.
- "Mas agora até esta 'União de Estados' está sob ataque", afirma o antigo ministro e membro do Parlamento, Jairam Ramesh, ao saber que os convites do G20 usavam o nome original da Índia.
Seguindo esta mensagem, vários políticos indianos defenderam o uso de Bharat como nome original. Incluindo JP Nadda, presidente do Partido Popular Indiano -mesmo partido do primeiro-ministro Modi-.
- "Por que o Congresso tem objeções a qualquer questão relacionada à honra e ao orgulho do país?", refletiu ele no X. - "Eu sou um 'Bharatwaasi', o nome do meu país era 'Bharat' e sempre permanecerá 'Bharat'. Se o Congresso tiver um problema com isso, eles próprios deveriam encontrar uma cura."
O próprio Narendra Modi declarou em diversas ocasiões a sua defesa do nome 'Bharat', numa tentativa de abraçar o simbolismo cultural original e afastar-se dos efeitos do colonialismo.
Conforme descrito pelo India Today, especula-se que a sessão especial de 18 de setembro debaterá a inclusão de uma emenda na Constituição para enfatizar o nome de Bharat em vez de Índia.
- "O país inteiro exige que usemos a palavra 'Bharat' em vez de 'Índia'... A palavra 'Índia' é um abuso que nos foi dado pelos britânicos, enquanto a palavra 'Bharat' é um símbolo da nossa cultura. Quero que haja uma mudança em nossa Constituição e que a palavra 'Bharat' seja adicionada a ela", disse Harnath Singh Yadav, congressista do Partido Popular Indiano.
O deputado Harnat parece equivocado ao desconhecer a história do próprio país, pois o nome Índia é derivado de Indus, que por sua vez deriva da palavra Hindu, em persa antigo. Os gregos clássicos referiam-se aos indianos como Indoi, povos dos Indus. Por isso Hindustão, que é a palavra persa para a "terra dos Hindus" e historicamente referida ao norte da Índia, é também usada ocasionalmente como um sinônimo para toda a Índia.
O nome da Índia tem um valor incalculável. Shashi Tharoor, congressista indiano, ex-ministro e ex-candidato à presidência das Nações Unidas, expressou que embora não haja nenhuma objeção constitucional a chamar a Índia de 'Bharat', espera que o governo não seja tão tolo a ponto de prescindir de "Índia".
- "Índia tem um valor de marca incalculável acumulado ao longo dos séculos. Deveríamos continuar a usar ambas as palavras em vez de abrir mão do nosso direito a um nome que lembra a história, um nome reconhecido em todo o mundo."
Colocar na mesa o debate sobre o nome de Bharat é o resultado de um clamor popular entre alguns setores da sociedade indiana, mas também pode ser interpretado como um movimento tendo em vista as próximas eleições gerais de Lok Sabha de 2024. Na verdade, o bloco de oposição de Modi, composto por 28 membros, uniu forças numa coligação cujo nome é precisamente INDIA ("Aliança Nacional Democrática Inclusiva Indiana").
A verdade é que não importa o nome que escolham: a Índia vai continuar sendo chamada de... Índia. Vocês devem se lembrar que em janeiro de 2020 a Holanda, ao menos oficialmente, passou a se chamar Países Baixos. Dois anos depois ninguém sabe onde fica a Neerlândia e todo o mundo continua a se referir ao país por Holanda.
Na época, as autoridades sustentaram que a mudança fazia parte de um plano maior qie tinha como objetivo desassociar da imagem do país com a cultura do consumo de drogas e o Bairro Vermelho de Amsterdã. Ninguém ligou, o De Wallen continua lá firme e forte com seus canais, ruelas cheias de bares tradicionais cheias de zonas com suas luzes de neon. A única diferença é que você não sente mais o cheiro da marofa no Bairro Vermelho, onde o consumo de cannabis foi proibido, mas basta virar em quaiquer eswuinas para sentir o futum da marijuana.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários