Os cientistas raramente observaram a menopausa no reino animal, além dos humanos, apenas registraram o fenômeno em algumas espécies de baleias com dentes. Mas em um novo estudo, publicado sexta-feira na revista Science, os pesquisadores sugerem que algumas chimpanzés experimentam a menopausa depois de atingirem os 50 anos de idade. Alguns biólogos se mostraram céticos com o resultado deste estudo, mas eles foram robustos demais para serem contestados. Ademais, o estudo também desmente a "hipótese da avó": a explicação comum para a singularidade da menopausa humana. |
- "Ninguém teria presumido que a menopausa seria algo que algum dia seria observado em chimpanzés", disse Brian Wood , coautor do estudo e antropólogo evolucionista da Universidade da Califórnia. - “Agora temos uma noção dos tipos de condições ecológicas e sociais que são necessárias para que ela surja."
A menopausa, o fim natural dos ciclos menstruais, ocorre por volta dos 50 anos de idade para as humanas. Entre os vertebrados selvagens, no entanto, a maioria não vive muito depois de não conseguir mais se reproduzir, de acordo com o estudo. Mas os investigadores optaram por examinar as chimpanzés longevas da comunidade Ngogo, no Parque Nacional Kibale, em Uganda, para procurar sinais de menopausa.
- "Ngogo é diferente de outros grupos de chimpanzés porque temos muitas fêmeas que vivem mais de 50 anos", disse Kevin Langergraber , coautor do estudo e antropólogo da Universidade Estadual do Arizona. - "Durante muito tempo, notamos muitas fêmeas velhas correndo pela floresta e que não se reproduziam há muito tempo."
Durante 21 anos -de 1995 a 2016- os pesquisadores acompanharam a mortalidade e a fertilidade em 185 chimpanzés na comunidade de Ngogo. Eles descobriram que a fertilidade diminuiu depois que os animais completaram 30 anos e nenhum deles deu à luz depois de completar 50 anos.
Algumas das chimpanzés, no entanto, continuaram a viver até uma idade avançada. Dezesseis sobreviveram além dos 50 anos de idade, e as chimpanzés viveram, em média, cerca de 20% da idade adulta em estado pós-reprodutivo.
Os pesquisadores também mediram os níveis de cinco hormônios em amostras de urina de 66 chimpanzés fêmeas com idades entre 14 e 67 anos. De forma semelhante aos humanos na menopausa, os níveis do hormônio folículo-estimulante e do hormônio luteinizante aumentaram nas chimpanzés, enquanto os níveis de estrogênio e as progestinas diminuíram.
As descobertas indicam que a menopausa encerra a reprodução nas chimpanzés por volta dos 50 anos de idade, escrevem os autores do estudo.
A menopausa pode ser específica das chimpanzés Ngogo, que vivem mais tempo devido à falta de predadores e de muita comida disponível, e talvez isso possa explicar porque é que o fenômeno não foi observado em outras chimpanzés selvagens. Os chimpanzés Ngogo também foram estudados mais extensivamente do que outros grupos.
Alternativamente, a menopausa pode ter sido mais comum em chimpanzés antes dos impactos humanos, como a exploração madeireira e a introdução de doenças, começarem a afetar a mortalidade dos animais.
As descobertas vão contra a teoria de que a razão evolutiva pela qual alguns animais vivem além dos seus anos reprodutivos é ajudar a criar a descendência dos seus descendentes, uma ideia conhecida como "hipótese da avó". Isso não é realmente possível para as chimpanzés, porque elas não vivem com suas filhas. Em vez disso, as fêmeas mais velhas podem parar de se reproduzir para evitar que compitam com as fêmeas mais jovens por oportunidades de procriar.
Se pensarmos que a expectativa de vida natural das chimpanzés está realmente mais próxima dos 60 do que dos 45 e que elas têm uma expectativa de vida pós-reprodutiva significativa, isso dá algum apoio à hipótese da 'competição de parentesco' para a origem da menopausa.
A pesquisa sugere que o último ancestral comum dos humanos e dos chimpanzés pode ter passado pela menopausa. Para ter uma ideia melhor de como a menopausa evoluiu, os cientistas poderiam estudar o quão comum ela é em diferentes comunidades de chimpanzés, bem como se os bonobos -uma espécie que, juntamente com os chimpanzés, são os parentes vivos mais próximos dos humanos- também vivem muito depois de pararem de se reproduzir.
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