Em outubro, autoridades agrícolas da Califórnia descobriram duas moscas-das-frutas no bairro de Leimert Park, em Los Angeles, provocando uma quarentena de 169 quilômetros quadrados. Agora, as autoridades planejam liberar mais de dois milhões de moscas-das-frutas machos estéreis na cidade, na tentativa de erradicar os insetos. Embora isso possa parecer uma reação exagerada, não eram apenas moscas quaisquer. Chamadas de moscas-da-fruta do Mediterrâneo (Ceratitis capitata), ou moscas-do-mediterrâneo, são uma espécie invasora que pode infestar mais de 250 tipos de frutas e vegetais. |
Isso as torna uma das piores pragas agrícolas do mundo, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. As fêmeas das moscas põem seus ovos dentro dos produtos e, quando os ovos eclodem e se transformam em larvas, são destrutivos. As larvas atravessam as plantações, fazendo com que apodreçam e se tornem não comestíveis.
Os insetos de um quarto de polegada são nativos da África Subsaariana, mas foram encontrados na região do Mediterrâneo, sul da Europa, Oriente Médio, Austrália Ocidental, América do Sul e Central e Havaí. À medida que as pessoas transportam frutas infectadas para locais diferentes, as moscas se espalham para novas áreas.
Se as populações de moscas-mediterrânicas não forem controladas, as autoridades dizem que poderão devastar a indústria agrícola multimilionária da Califórnia.
- "Os produtores sairiam do mercado; as empresas de embalagem iriam à falência; os danos seriam de bilhões", disse James Cranney, presidente do Conselho de Qualidade Cítrica da Califórnia. - "Seria um nível incalculável de catástrofe."
Assim, para combater os insetos, as autoridades lançarão 250 mil moscas machos estéreis por quilômetro quadrado em uma área de 15 quilômetros quadrados a cada semana. Essas moscas, cultivadas especialmente em uma base militar em Los Alamitos, são marcadas com tinta roxa. Elas sobrevoarão a cidade em um avião e depois serão liberadas do fundo da cabine. Quando esses machos acasalam com as fêmeas, os ovos resultantes são inférteis e tão pequenos que não afetam as colheitas.
A Califórnia tem lutado contra infestações por moscas-mediterrâneas há décadas. O primeiro inseto foi detectado no estado em 1975, mas foi somente entre 1980 e 1982 que as moscas atingiu níveis de surto. O então governador Jerry Brown autorizou uma campanha aérea agressiva espalhando o inseticida malatião para eliminar as moscas, o que gerou reação dos californianos, que estavam insatisfeitos com o fato do produto químico estar sendo pulverizado em seus bairros.
Em 1990, a Califórnia interrompeu a pulverização com malatião porque não parecia estar funcionando, mudando para o método preferido hoje, conhecido como Técnica do Macho Estéril.
A Ceratitis capitata é considerada a espécie mais nociva entre os tefritídeos, causando mais prejuízos à agricultura do que qualquer outra, especialmente por ser a mais cosmopolita e invasora de todas. Sua ocorrência só não foi registrada em regiões muito frias ou onde programas ativos de detecção e erradicação impedem o seu estabelecimento, mas eventuais focos são encontrados em quase todas as regiões. O impressionante sucesso biológico dessa espécie apóia-se em várias características adaptativas (morfológicas, fisiológicas e comportamentais), envolvidas em cada estágio do seu ciclo de vida.
Até a década de 1980, Cruz das Almas, na Bahia) era o registro de Ceratitis capitata mais ao norte no Brasil. Entretanto, nas últimas quatro décadas, a mosca-do-mediterrâneo invadiu outras localidades do nordeste brasileiro, além de ter alcançado a região Amazônica. Atualmente, ocorre em 22 Unidades da Federação, não havendo registros em apenas quatro estados da região Norte (Acre, Amapá, Amazonas e Roraima) e em um da região Nordeste (Sergipe).
Segundo a EMBRAPA, o monitoramento da população de moscas-das-frutas é feito utilizando-se armadilhas McPhail e Jackson. E o controle de colônias é feito segundo a melhor aplicação.
Com o controle químico são utilizados na forma de isca tóxica, isto é, atrativo alimentar hidrolisado de proteína ou melaço de cana-de-açúcar ou suco de frutas mais inseticida e água. Com o controle cultural é realizada a destruição dos frutos maduros na planta ou caídos no chão que devem ser colocados em uma vala ou destinados à alimentação animal.
Com o controle biológico são utilizados parasitóides e predadores. A técnica do macho estéril também é muito utilizada. A primeira biofábrica de insetos estéreis do país, localizada em Juazeiro-BA, tem capacidade inicial para produzir 200 milhões de moscas-das-frutas por semana.
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