Por que as uvas rubi-romanas são tão absurdamente caras no Japão?

Quando falamos de frutas despurodamente caras quase todos sabemos para onde dirigir a atenção: Japão. Maçãs, mangas, ameixas, melões e melancias, entre outros, são algumas das oferendas mais comuns em rituais religiosos. De fato, as frutas do Japão são itens de luxo devido à sua associação com ocasiões especiais e presentes. Como resultado, muitas vezes vêm em embalagens elaboradas que lembram caixas de joias. Além desse aspecto cultural, produzir estas frutas é um processo altamente complexo que exige muito tempo e atenção aos detalhes.

Geralmente, os produtores priorizam a qualidade em detrimento da quantidade, e a maior parte do trabalho é feito manualmente para garantir que a fruta atenda aos mais altos padrões de aparência e sabor. Como resultado, os preços das frutas japonesas podem ser obscenamente mais elevados do que os de outros países. Apesar do custo, muitas pessoas estão dispostas a pagar pelo sabor e aparência requintados das frutas, tornando-as um produto muito procurado nacional e internacionalmente.

Entre elas podemos encontrar as uvas rubi-romanas. Valorizadas por seu tamanho e sabor, essas uvas costumam ser ridiculamente caras e difíceis de encontrar. Mas por que custam tanto dinheiro e são cultivadas de uma maneira específica que as torna especiais?

Cultivadas exclusivamente na província de Ishikawa, no Japão, as uvas rubi-romanas, o preço destas uvas pode variar entre 450 e 2300 reais o kg. Vendidas com cuidado pela primeira vez em 2008, as uvas rubi-romanas aconteceram quase acidentalmente. Isso não quer dizer que fossem esperadas ou cuidadosamente pesquisadas para serem comercializadas. É que elas não estavam sendo cultivadas em condições estéreis e controladasi. Este cultivar de uva ocorreu naturalmente, em um processo de polinização raro e ainda não totalmente compreendido.

A uva rubi-romana foi criada através de fertilização natural. Isto provavelmente foi causado pelo pólen no ar no centro de pesquisa onde as uvas estavam sendo cultivadas. Um cruzamento entre uvas vermelhas e uma enorme variedade de uva preta conhecida como fujiminori criou o cultivar. Apesar de meses de tentativas cuidadosas de polinização artificial, o cultivar manifestou-se naturalmente, com todas as tentativas científicas e artificiais falhando miseravelmente.

Em 2005 foi escolhida uma videira mãe de uva rubi-romana. As mudas desta videira foram distribuídas para vários outros lugares, e um grupo de pesquisa foi formado. Este grupo específico decidiu e estabeleceu os padrões para estas uvas únicas. Isso incluía requisitos de tamanho, cor e teor de açúcar antes de serem vendidas.

Dada a raridade absoluta e os padrões rígidos estabelecidos pelo grupo de pesquisa responsável pela criação das uvas rubi-romanas, o cacho médio passou a custar pelo menos 1.500 reais. Na verdade, o primeiro leilão dessas uvas realizado em 2008 vendeu um único cacho por quase 3.500 reais. O custo dessas uvas varia de acordo com a época de cultivo e também do tamanho e do teor de açúcar das próprias uvas.

Na verdade, em 2020, um único cacho dessas uvas foi vendido por quase 60 mil reais, perfazendo uma única uva por cerca de 2 mil. Elas também não são comumente vendidos, devido ao seu fornecimento limitado. Uma média anual de apenas 20.000 cachos de uvas rubi-romanas passam nos rigorosos padrões e testes estabelecidos para colheitas que podem ser comercializadas. A quantidade de cachos que fazem o corte também influencia fortemente o custo dessas uvas.

Não só a raridade é uma das razões pelas quais as uvas rubi-romanas são tão caras, mas seu processo de cultivo também é altamente desenvolvido. O cultivar da uva específica é cultivada apenas em um local do mundo. Você não pode exatamente visitar este vinhedo por causa de suas regras e regulamentos rígidos em torno de possíveis roubos e violações da forma como essas uvas crescem.

Na verdade, o grupo científico encarregado do cultivo dessas belezas desenvolveu um tipo de tecnologia computacional para avaliar a quantidade de luz solar que essas culturas recebem. Estas vinhas são cuidadas diariamente, com instruções de cuidados especiais dadas a cada atendente da vinha.

À medida que as uvas crescem, as folhas individuais e as uvas são retiradas da planta para garantir a sobrevivência dos cachos. Esta poda cuidadosa também ajuda as uvas a receberem a quantidade de luz solar de que necessitam. Alguns cachos precisam de cobertura se estiverem recebendo muita luz. É um equilíbrio delicado, especialmente quando se considera o fato de que essas uvas não são cultivadas em nenhum outro lugar do mundo e, para começar, há um número finito de plantas.

De acordo com as poucas pessoas no mundo que realmente provaram essas uvas, a doçura e a suculência das uvas rubi-romanas são incomparáveis. Uma das razões pelas quais estes grupos são tão caros é devido às suas rigorosas práticas de cultivo e requisitos de venda, um dos quais é o seu teor de açúcar.

Para serem aprovadas e realmente vendidas, essas uvas precisam ter pelo menos 18% de açúcar em cada uva individual. Elas também precisam ter um peso específico mínimo. Seu tamanho é outro ponto de venda dessas uvas em primeiro lugar. O sabor e o tamanho grande certamente tornam as rubi-romanas especiais!

Infelizmente, encontrar uvas rubi-romanas é extremamente difícil. Você pode encontrá-las em determinados mercados de produtos especializados no Japão ou em sites que também oferecem produtos especiais. Mas nenhum desses sites podem fazer entregas no Brasil por motivos óbvios. A grande raridade dessas uvas é uma das razões pelas quais elas são tão caras.