Quando a Filarmônica de Berlim executou a peça icônica de John Cage, capturando a solidão da pandemia

No final de outubro de 2020, no meio de outra onda do vírus covid-19, sem muitas medidas efetivas para conter o vírus, o governo alemão pediu à Filarmônica de Berlim que fechasse por um mês. Na véspera do encerramento, a Filarmônica executou a composição modernista de John Cage, 4′33″, que pede aos intérpretes que não toquem os seus instrumentos durante toda a peça, permitindo ao público experimentar os sons por vezes estranhos, por vezes inesperados do silêncio.

Neste momento particular, a Filarmônica de Berlim fez um comentário comovente sobre o silêncio e o isolamento vividos durante a pandemia.

O site Classical Voice North America dividiu a performance da seguinte forma: O maestro Kirill Petrenko definiu cada um dos três movimentos em 4′33″ com um afeto particular. No primeiro movimento, ele parecia reger uma peça convencional que não existia. No segundo movimento, suas mãos foram posicionadas próximas ao rosto, como se pedisse silêncio ou como um padre pronunciando uma bênção.

No terceiro movimento, suas mãos se estenderam em direção à orquestra, os dedos abertos em uma das mãos, com uma expressão facial investigativa. Ele estava à beira das lágrimas de tristeza e pesar.

- "O que é isso? O que está acontecendo?" ele pareceu perguntar. - "Eu não entendo!" As veias de sua testa se destacavam. Seus braços moveram-se lentamente pela orquestra. Ao fundo, músicos podem ser vistos conversando intensamente com ele ou meditando com os olhos fechados. Então seus braços baixam em aparente resignação. O fim.