Em 1978, os habitantes das cavernas foram encontrados vivendo dentro da cratera de um vulcão extinto em Palawan. Quando foram "redescobertos", tornaram-se evidentes sinais de que sobreviveram muitos anos com pouco ou nenhum contato com o mundo exterior. Eles são uma pequena comunidade de palawanos tradicionais do sudoeste que residem na cratera de um vulcão extinto durante certas estações do ano, em casas construídas em pisos elevados dentro de cavernas, embora outros tenham colocado suas casas em encostas abertas. |
Via: Jacob Maentz.
Eles ainda são primitivos no estilo de vida, até na forma de se vestir. Os homens ainda usam tangas feitas de casca de árvore e tecido, e as mulheres usam um pedaço de pano transformado em saias para cobrir a parte inferior do corpo. Ambos andam seminus, mas às vezes, hoje, as mulheres usam roupas comuns.
Quanto ao sustento diário, a tribo dependia de tubérculos como a mandioca e criava fogo friccionando duas pedras de sílex. Um deles até recusou trocar suas ferramentas rudimentares para fazer fogo por um isqueiro moderno.
A notícia chegou ao Palácio Malacañan, e então o presidente Ferdinand Marcos não perdeu tempo para visitar a remota tribo filipina. No total, foram registradas 86 pessoas pertencentes à comunidade cavernícola.
Todos eles viviam em cavernas aglomeradas em diferentes níveis nas paredes da cratera, por isso foram chamados de "Tau't Bato", que significa literalmente "povo da pedra". Eles são um subgrupo de um grupo maior de indígenas palawanos, com quem compartilham a mesma língua e crenças. O que diferencia os Tau't Batos dos demais é o fato de residirem na cratera de um vulcão extinto durante a estação das chuvas.
Quando o presidente chegou junto com sua esposa e comitiva, não só testemunharam uma tribo pouco conhecida e com uma cultura intacta, mas também coisas que poderiam ser consideradas tesouros arqueológicos. Entre essas descobertas estavam cerâmicas antigas, bem como pinturas rupestres dentro das cavernas, que indicam que a tribo Tau't Bato existe pelo menos desde o Neolítico.
Via: Jacob Maentz.
Também há rumores de que o objetivo da visita não era puramente científico. De fato, Marcos ficou apenas 30 minutos com medo de que o povo o atacasse. Porém, o motivo pelo qual ele se interessou tanto por esta área foi a riqueza que ela continha. Durante muitos meses, a equipe do ditador invadiu todas as cavernas da região, onde se encontram os cemitérios e coletou todo o ouro e outros objetos de valor dos corpos. Muitos crânios tinham dentes decorados com ornamentos de ouro, simbolizando riqueza e bravura durante a era pré-histórica.
Anos depois, surgiram muitas histórias de que Marcos escondeu grande parte de sua riqueza nas cavernas de Singnapan. Nas décadas de 80 e 90 esta área recebeu numerosos visitantes de todo o mundo em busca da riqueza escondida de Marco. Porém, a realidade é que Marcos estava lá para tirar a riqueza dos nativos e não deixar seu próprio tesouro escondido.
Embora já não estejam tão isolados como antes, poucos curiosos os visitam todos os anos. Em 2005, três pessoas chefiadas pelo jornalista Reyster Langit visitaram a tribo para fazer um documentário. Por não observarem os cuidados necessários, como tomar vacinas contra a febre amarela e malária, todos acabaram contraindo malária cerebral. Reyster morreu dias depois na Califórnia durante o tratamento; seus dois companheiros também morreram de complicações.
A malária cerebral é uma complicação particularmente perigosa da malária falciparum que pode causar febre alta, dor de cabeça, sonolência, delírio, confusão, convulsões e coma. Em geral, afeta bebês e crianças, mulheres grávidas, pessoas que nunca foram expostas à malária e turistas que viajam para áreas de alto risco.
Hoje, a tribo vive em suas casas em um vale em forma de tigela chamado Bacia Singnapan. Eles encontram abrigo dentro das cavernas durante a estação das chuvas, quando as enchentes no vale se tornam inevitáveis.
Eles são cultivadores itinerantes, praticando cultivos múltiplos tendo a mandioca como principal fonte de alimentação. Produzem também batata-doce, cana-de-açúcar, alho, pimenta, vagem, abóbora, tomate, abacaxi, etc. Ao longo do ano, a caça e a coleta de alimentos são realizadas para complementar a dieta de carboidratos do povo. A maioria dos porcos selvagens é capturada em armadilhas de mola.
Eles também praticam sambi (troca) e dagang (troca monetária). O comércio é especificamente de peixes marinhos que o povo de uma vila nas proximidades fornece em troca de produtos hortícolas.
Devido à sua singularidade, o governo filipino declarou a sua área protegida e fora do alcance de estranhos para protegê-los da exploração irracional. No entanto, a tribo foi recentemente ameaçada pelas concessões mineiras que foram concedidas. Em particular, as comunidades que vivem dentro da cratera foram afetadas por reivindicações sobre as suas terras para mineração de níquel. Isto apesar das medidas que foram tomadas para evitar que eventos como este acontecessem, uma vez que as reivindicações anteriores de mineração ainda são válidas.
As mulheres acordam cedo para começar o trabalho no vale e todas as pessoas fisicamente aptas da família faze sua parte no trabalho. Demora muito tempo para plantar, manter os campos, colher, preparar o kamoteng kahoy, um bolo feito com mandioca, e cozinhar para a família.
As crianças cuidam umas das outras e todos ficam ocupados. Se a família conseguir ganhar algum dinheiro, os Tau't Batos vão até a cidade para comprar produtos necessários, como sal, óleo e, às vezes, peixe fresco.
Curiosamente alguns membros da tribo, geralmente homens, parecem ainda viver ainda no Neolítico, subsistindo da caça, sobretudo de morcegos, coletando frutas e eventual plantio de mandioca nas encostas da cratera.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários