Por que a madeira petrificada é tão valorizada e por que sua coleta é proibida no Brasil?

Já tropeçou em um pedaço de madeira petrificada e se perguntou sobre seu valor? Você não está sozinho. A madeira fossilizada, com sua mistura única de história geológica e beleza natural, tem intrigado entusiastas e colecionadores. Não é apenas uma pedra; é um fóssil, um pedaço de vida antiga capturado para sempre na pedra. Compreender o valor da madeira petrificada pode ser tão complexo quanto os próprios espécimes. Fatores como tamanho, cor e até mesmo o local onde foi encontrado influenciam seu valor.

Imagine-se caminhando pela floresta e tropeça em um impressionante pedaço de madeira que parece ter virado pedra. Você acabou de encontrar madeira petrificada, um dos fenômenos mais fascinantes da natureza. Mas o que é exatamente?

A madeira fossilizada é essencialmente um fóssil onde toda a matéria orgânica foi substituída por minerais, normalmente quartzo, mantendo a estrutura original da madeira. Este processo ocorre quando a madeira fica soterrada por sedimentos e é inicialmente preservada devido à falta de oxigênio que inibe a decomposição.

A água rica em minerais que flui através dos sedimentos deposita minerais nas células da planta e, à medida que a lignina e a celulose da planta se decompõem, um molde de pedra se forma em seu lugar.

Ao longo de milhões de anos, esta troca de orgânico para inorgânico cria uma versão fossilizada da madeira original. A madeira petrificada pode vir de qualquer período de tempo, mas a maior parte dela encontrada hoje provém de árvores que viveram de 100 a 200 milhões de anos atrás.

O processo, conhecido como permineralização, leva aos detalhes fascinantes que você pode ver na madeira petrificada, como os anéis preservados que informam a idade da árvore e as condições climáticas históricas e as texturas de casca e grãos de madeira que mostram as características originais da árvore.

Do ponto de vista geológico, a madeira petrificada é um registro importante de sistemas ecológicos passados, que pode ajudar os cientistas a compreender o mundo antigo e o seu ambiente. Para os colecionadores, a madeira petrificada possui valores diversos e é frequentemente procurada por suas qualidades estéticas, significado histórico e beleza distinta.

Compreender que a madeira petrificada é mais do que apenas uma pedra atraente abre um mundo onde a geologia e a história se entrelaçam. É um pedaço tangível do extenso passado da Terra que você pode possuir, exibir e valorizar. Quer você esteja interessado em sua importância científica ou seduzido por seu apelo decorativo, a madeira fossilizada carrega consigo uma história que foi construída há milhões de anos.

A madeira petrificada tem uso limitado em joias, mas é usada principalmente em peças decorativas, como pontas de livros, tampos de mesa, mostradores de relógio ou outros objetos ornamentais. Todos os anos milhares de fósseis são transformados em placas de móveis e até mesmo itens de cinzeiros podem ser vendidos no exterior por até 4 vezes o que os mineiros ganham em um ano inteiro.

Com efeito, a madeira fossilizada é um dos materiais mais procurados no mundo tanto pelo seu valor estético como pelo seu valor científico. Mas em determinados países, como na Indonésia, os mineiros tem que arriscar as suas vidas para desenterrá-las e mal ganham o suficiente para sobreviver.

Os mineiros podem tatear uma madeira fossilizada no subsolo como se fosse uma barra de ferro no meio do barro, mas isso suscita o maior cuidado possível porque estas minas artesanais não tem nenhuma proteção, nem ventilação e podem colapsar a qualquer momento. Em 2016, um total de 12 indonésios morreram enterrados nessa condição.

Este tipo de prospecção sem segurança alguma é proibido na maioria dos países do mundo. Na Indonésia não é diferente. Os mineiros precisam de uma licença para fazê-lo, mas as autoridades só a emitirão se os mineiros tiverem o tipo certo de equipamento. Como a maioria não pode se dar ao luxo de comprar estes apetrechos, eles continuam correndo o risco de trabalhar ilegalmente rezando para não serem enterrados.

Para piorar, os mineiros também não podem beneficiar o fóssil, que só pode ser cortado com lâminas com ponta de diamante, que geralmente são caras. Assim os pobres mineiros acabam vendendo estes tesouros por uma mixaria.

Se você está tentando lembrar onde guardou a sua velha picareta, não se esforce muito. A coleta de madeira fossilizada no Brasil, sem autorização da União, constitui crime de usurpação, cujas penalidades estão previstas no artigo 11 da lei 7.347/85, além da obrigação de reparar o dano causado à área lavrada irregularmente ou adoção de medidas compensatórias, caso não seja possível a reparação.

O Departamento Nacional de Produção Mineral considera que as madeiras fossilizadas correspondem a fósseis com grande relevância científica e devem receber destino diverso do mercadológico e comercial.

Quase todos os estados brasileiros tem jazidas de árvores fossilizadas, com destaque para o Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Piaui. No entanto, o Monumento Natural das Árvores Fossilizadas no cerrado tocantinense abriga a maior e mais importante floresta petrificada do hemisfério sul do mundo. Fica no município de Filadélfia e os fósseis ali encontrados são do período Permiano, que durou de 299 a 250 milhões de anos atrás.

De fato, algumas das plantas fossilizadas do parque são ainda fetos arbóreos, porque no final do Permiano houve uma extinção em massa da flora e da fauna na qual desapareceram cerca de 90% das espécies marinhas e 70% das espécies terrestres.