Não quero preocupar ninguém, mas não sabemos ao certo como a anestesia geral funciona. Nós sabemos que ela funciona, e que é bem segura bloqueando os sinais dos nervos para o cérebro. Mas cientistas ainda estão tentando descobrir como todos esses químicos diferentes desligam a luz no nosso cérebro. Anestesia é um estado onde você não sente dor, e médicos usam isso de modo que quando eles precisam chegar ao seu coração ou rins ou qualquer coisa, eles tornem algo invasivo e traumático em um cochilo pacífico. |
Por mais de 100 anos, hospitais têm colocado pessoas sob anestesia geral para realizar operações e cirurgias de rotina. Hoje em dia, ela é usada no mundo todo, milhares de vezes por dia. Mas, embora saibamos que ela nos deixa inconscientes e mexe com nossa consciência, o mecanismo real por trás da anestesia geral era desconhecido quando a descobrimos pela primeira vez, e ainda não temos uma explicação completa.
Anestesia geral é o tipo que te derruba completamente, ao contrário da anestesia local, que apenas adormece uma parte do seu corpo por um tempo, ou sedação consciente, onde você tecnicamente está consciente mas não lembra nada do que aconteceu. Geralmente, anestesia geral envolve uma combinação de duas drogas: a primeira te derruba rapidamente, e a outra te mantém assim.
O anestesista pode dosar a segunda droga para ter certeza que não acorde cedo, ou durma demais. Então sabemos que anestésicos funcionam, e sabemos que eles o mantém sem sentir dor, respondendo de acordo com o ambiente e, quase sempre, de lembrar o que aconteceu. O que é uma grande vantagem, pois sentir, e lembrar, sendo cortado e costurado de volta não seria agradável.
Mas anestesia não é a mesma coisa que dormir. Algumas partes do cérebro continuam ativas, mas diferente de quando esta totalmente consciente, essas partes não se comunicam umas com as outras. O padrão do cérebro de alguém anestesiado não parecem como sono, também. Não há movimentos rápidos dos olhos ou sonhos quando anestesiado.
Ondas cerebrais na anestesia parecem muito com as ondas cerebrais de um paciente em coma, o que faz sentido, pois anestesia parece muito com coma. Só que é reversível nas mãos de um médico. O estranho é que esse mesmo estado anestésico pode ser induzido por uma variedade de químicos completamente diferente: do gás nobre xenônio, até grandes moléculas feitas de anéis de carbono.
Como todos esses anestésicos fazem coisas parecidas, cientistas descobriram que eles devem ter algo em comum. E o mais óbvio é que quase todos dissolvem em óleos, como no interior das membranas das suas células. Por décadas, pesquisadores pensaram que anestesias podiam dissolver nas membranas das células do seu cérebro e desorientá-las de algum jeito.
Mas alguns compostos que parecem com anestésicos e são solúveis em óleo não aliviam a dor. E alguns anestésicos não são muito solúveis em óleo. Ao contrário, hoje em dia os cientistas pensam que tem mais a ver com proteínas, que têm pedaços de óleo também. Então anestésicos provavelmente se ligam com as proteínas no seu cérebro.
Mas é difícil estudar drogas que se ligam em um ambiente oleoso. Anestésicos se ligam fracamente às proteínas em que eles agem, e é difícil fazer com que eles fiquem em algum lugar por tempo suficiente para saber exatamente onde eles grudaram. O anestésico mais entendido é também o mais popular: propofol.
O propofol se liga ao receptor de um mensageiro químico chamado GABA, que está envolvido em controlar o sono e consciência, dentro de outras coisas. Propofol ajuda a ativar os receptores de GABA do cérebro, e pesquisadores acham que é especialmente ativo na parte do cérebro que coordena o sono. O que não sabemos ao certo é como essa parte do cérebro controla a consciência, e como o propofol desliga isso, e liga de novo assim que vai embora.
Mas, como estudos encontraram que também há um monte de outros anestésicos que também se ligam ao receptor GABA, pesquisadores acham que estão no caminho certo. Há também uma coisa muito estranha que sabemos: ruivos precisam de mais anestesia. Médicos reportaram casos desses por um tempo, e pelo menos um estudo de 2006 mostrou que ruivos precisam de 19% mais anestesia que pessoas com cabelo preto.
De acordo com os autores do estudo, o gene que produz cabelo vermelho perece estar relacionado com resistência ao anestésico, principalmente porque também está ligado à sensibilidade à dor. Então não sabemos ao certo como anestesia geral funciona, mas é uma coisa boa que isso acontece. E enquanto estudamos isso, estaremos aprendendo mais sobre como o cérebro se liga, e talvez um pouco mais sobre ruivos.
De fato, por 170 anos, ninguém soube como a anestesia geral funciona, mas estamos finalmente chegando perto. No entanto, só no ano passado vimos uma série de artigos afirmando que o mecanismo da anestesia geral foi resolvido, todos de maneiras completamente diferentes.
Embora tais manchetes possam fazer você acreditar que agora temos todas as respostas, as coisas nunca são tão simples. Uma pesquisa, publicada na PNAS, fornece uma explicação sobre se os anestésicos gerais agem diretamente nos canais iônicos (os "portões" embutidos nas membranas celulares) ou na membrana de maneiras que ainda não compreendemos.
A equipe concluiu que, embora os anestésicos atuem nos canais iônicos, há uma etapa intermediária envolvendo lipídios. Agora, esse é um resultado interessante, mas está longe de ser a resposta final, assim como todos os outros artigos anteriores que tentam desvendar o mistério.
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