Algumas pessoas simplesmente não podem nem pensar em ficar em lugares fechados. Eu, por exemplo, tenho um pesadelo recorrente de que estou preso em uma sala muito pequena e quando acordo de sobressalto só consigo dormir de novo na rede da varanda. Talvez por isso tenha ficado tão sentido com a história de Martha Mason, uma classe de ser humano extraordinária que passou mais de 60 anos de sua vida imobilizada em um pulmão de aço depois de ficar paralisada na infância por causa da pólio. |
Apesar de sua situação aparentemente desesperadora, Martha viveu uma vida plena: se formou no ensino médio e superior, com as mais altas honras, ciceroneou muitos jantares e encontros e até mesmo escreveu um livro chamado "Breath: Life in the Rhythm of an Iron Lung" ("Respiração : A vida no ritmo de um pulmão de aço"), no qual retrata os desafios e as alegrias de sua vida.
Martha nasceu em 31 de maio de 1937, em Lattimore, uma pequenino povoado do estado norte-americano da Carolina do Norte. Sua história já se mostrou trágica quando ela tinha apenas 11 anos de idade, após a morte de seu irmão Gaston, que sofria de uma terrível doença que o deixou paralisado antes de finalmente matá-lo. Depois de seu enterro, a jovem Martha percebeu que ela também havia contraído a perigosa doença viral, mas não contou para ninguém, para não angustiar ainda mais seus pais:
- "Eu sabia que tinha poliomielite. Eu não queria que ninguém soubesse", ela escreveu em seu livro. - "Um dia antes de ter ouvido minha Mãe conversando com um amigo sobre o pulmão de aço que Gaston ficou antes de morrer. Eu sabia que não teria essa dificuldade porque eu tinha excelentes pulmões". Mas logo ela também se encontrava imobilizada no pulmão de aço, dependente dele para fazer a respiração para ela.
"Pulmão de aço" é apenas um termo coloquial utilizado para descrever um ventilador de pressão negativa, um tipo de dispositivo médico que permite a uma pessoa respirar em caso de paralisia dos músculos da respiração ou quando o esforço necessário para a respiração excede a capacidade dessa pessoa. O aparelho funciona pela variação da pressão do ar no interior de um grande tanque. Dona Martha viveu quase toda sua vida em tal tanque com a pressão contraindo e expandindo seus pulmões quando seus músculos fracos já não podiam.
Na época, os médicos aconselharam os pais da pequena Martha a levá-la para casa e fazê-la feliz por um ano mais ou menos, o tempo que diagnosticaram que teria de sobrevida. Ela sobreviveu a ambos graças a uma ávida curiosidade e vontade de aprender sobre o mundo.
Mas o pulmão de aço não foi empecilho para que Martha aproveitasse a vida e aprendesse o máximo que pudesse. Com a ajuda de sua mãe, Euphra Mason, e seus colegas de escola, ela conseguiu terminar como a melhor aluna de sua classe no ensino médio. Ela então passou a estudar em uma faculdade, onde recebeu o grau de bacharel em Língua Inglesa.
Ela, então, voltou para casa para trabalhar como redatora para o jornal local, função que desempenhava ditando as palavras para a mãe. Isso foi assim até que sua Euphra ficou muito ocupada ajudando seu pai inválido após sofrer um ataque cardíaco. Anos mais tarde, em 1977, ele faleceu.
Apenas décadas mais tarde, em meados dos anos 90, a Dona Martha foi capaz de escrever de novo com a utilização de um computador por voz ligado à Internet. Ela logo começou a trabalhar em seu livro de memórias dedicado à sua mãe amorosa.
No final dos anos 80, após uma série de derrames, sua pobre mãe estava tão velhinha que acabou experimentando episódios de demência e senilidade e, tadinha, sem saber o que estava fazendo, xingava mais do que marinheiro bêbado e, ocasionalmente, batia na filha. Apesar de opiniões contrárias, Dona Martha insistiu que sua mãe devia ficar em casa. Dali de dentro de seu pulmão de aço assumiu o comando, planejando as refeições, pagando as contas e organizando os cuidados de sua mãe. Ela conseguiu contratar acompanhantes que logo se tornaram parte de sua família.
Após a morte da mãe, em 1998, a Dona Martha começou a trabalhar em seu livro a sério. Lá, em sua casa de infância, com um microfone na boca, ela escreveu sua história de vida frase por frase na sua característica voz suave meio caipira.
Embora, obviamente, limitada por seu pulmão de aço, Dona Martha viveu uma vida plena entre as pessoas que a amavam. Seus pais e amigos sempre promoveram brincadeiras, jantares e encontros do clube do livro em sua casa para que ela pudesse ter a vida o mais normal possível. Em 2009, a Dona Martha faleceu aos 71 anos depois de ter passado 60 anos dentro do pulmão de aço, mais do qualquer um jamais viveu neste estado.
- "Estou feliz com quem eu sou, de onde eu sou", disse ela ao jornal local, em 2003. - "Eu não teria escolhido esta vida, com certeza. Mas dado que fui escolhida, eu provavelmente tive a melhor situação que qualquer um poderia pedir".
Pese a que o pulmão de aço tenha sido praticamente substituído por outros meios de ventilação de pressão positiva, intubação ou ventilação bifásica e outros meios modernos de ventilação, que inclusive foram apresentados a ela ao longo dos anos, Dona Martha já havia passado tantos anos naquele tanque que sentiu-se a vontade em continuar dentro do frio companheiro de toda uma vida.
Fonte: Oddity Central.
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Comentários
Deus imprestável e wagabundo,cruel e covarde, como as pessoas tem coragem de amar um ser medonho macabro desse tanto? Ele definitivamente não é um ser ,uma criatura de amor, NUNCAAAAAAA, muito pelo contrário ele faz de seus filhos suas Marcondes, e tem.prazer vai sua desgraça, alias até o próprio diabo deve ter mais amor do que esse tal de Deus bonzinho, maraaaaaravilhoso...nossa as pessoas são cegas demais, será que elas não veem mesmo nada ou tem medo de ver? Eu não tenho medo nenhum de falar essas coisas, "aiiiiin qta blasfêmia nooooooosa aiiiin" eu falo sim pq simplesmente eu orando de joelhos de jejum as coisas piores do mundo acontecem comigo, então se ele tiver que me Fud€r ele VAI MEFUD£R de todo jeito eu orando ou xingando o que der na teia dele ele VAI FAZER, então F00000DASSE. Deus tem os seus escolhidos a quem ele derrama toda a sorte de bênçãos do universo, mas ele tb é um Deus wye odeiaaaaaaaaaaaaa algumas de suas criações aí ele é tão perverso tão filho.di.puta que invés dele matar a pessoa, não, ele vai e f000de a vida da pessoa o MÁÁÁÁXIMO , e sente prazer com.isso, deve ter orgasmos múltiplos com as desgraças das vidas das pessoas. Vou ele que criou isso SIMMMMMM! PONTO FINAL
Fátima... nao seja ignorante. Ninguém é obrigado a amar deus como vc deseja. Vc tem a visão de q ele é perfeito. Mas pra vc. Pra outras pessoas ele é sim mau. Ele gosta de fazer a vida das pessoas como marionete e ate sente prazer de ver tanto sofrimento assim. Ler a bíblia nao vai adiantar nada. Bíblia foi inventada.
Achei gratificante essa história e fico triste quando alguns culpam a Deus pela doença, acidente, morte, tragédias. Deus é pai. Deseja que todos tenham uma vida plena e antes de julgar Deus, o senhor de todas as coisas que criou, vá lê a Bíblia, lá está sua resposta. Mas vamos sair da ignorância de achar que Deus é um ser mau e cruel que nos quer ver sofrer.
Ouvindo Radiohead e lembrando do relato da senhora se não me engano Nisbet, Testemunha de Jeová que viveu seus dias num pulmão de aço.
Não quero, nem preciso ver alguém na pior pra me sentir melhor, mas isso me faz pensar como a vida é séria, que não dá pra ficar divagando, tem que ter foco...
Porque tanto sofrimento pra uns bons, e muitos dos maus, crueis, parecem não sentir as consequências dos sues atos, parecem prosperar. Acho que a citada senhora Testemunha de Jeová teria algo a dizer.
Apesar de que não se deve desprezar o fardo de dor que cada um tem, ver isso me faz lembrar que não se deve ficar caído no chão, chorando, ou rabugento só reclamando. Ser grato pelo que tem de bon e mudar o que pode ser mudado, e o que não puder, se adaptar, perseverar.
O comentário do(a) Seramis me lembrou uma coisa ruim que pensei ontem. Eu tenho uma doença séria e poderia ter sequelas que me privariam de andar ou de pensar de forma racional. Tenho que agradecer por ter apenas a doença. As dores são muito pequenas se comparadas com o que mais eu poderia ter.
Osaminha, quem sofre mais é quem pensa como você.
De qualquer forma, já li uma história a alguns meses sobre alguem que viveu assim. Ela era testemunha de Jeová e usava o pulmão de aço. Viveu com ele e morreu com ele. É claro que podendo escolher ela preferia viver sem ele, mas ela não fez do pulmão de aço um motivo para ficar se lamentando ou culpando a Deus na internet.
Muito triste.
Porque 'Deus' coloca algumas pessoas no mundo apenas para sofrer?
Quando vejo casos assimm fico me perguntando porque esse cara faz isso? Privilegia uns e outros ele esquece...
Estátistico. Vi agora a matéria e pensei o mesmo que vc.
É por essas e outras que aprendi a agradecer por tudo, tudo mesmo.
que tensoo!! =O
Isso... é... :roll:
nossa,eu ia preferir morrer do q viver assim
Me fez lembrar uma das "perguntas da semana" do mês passado; a que abordava a questão do suicídio assistido. Estava escrevendo algo sobre, mas seria reavivar algo já discutido. Desnecessário.
Só não pude deixar de pensar nisso porque eu, certamente, não teria a força dela. Louvável.
"My iron lung"- Radiohead.
É... o ser humano se adapta a tudo mesmo.
Que coisa.