A história do maldito dia em que decidi depilar meu traseiro

Todos nós contemplamos questões importantes sobre a existência, como "Será que estamos sozinhos?", "Qual é o propósito da vida?", e, lógico, a mais importante de todas: - "Por que temos pelos na bunda? Sim, a maioria de nós -admitindo ou não- já se perguntou sobre isso e provavelmente pensou em cortar esse mal pela raiz. Bem, para aqueles que consideraram realmente levar a cabo a tarefa, fica aqui um aviso antes de usar sua lâmina de barbear para que não acabe se lamentando depois.

Eu tenho duas versões da conclusão de minha experiência recente sobre depilação do traseiro, a primeira, a mais curta, é "Não raspem os pelos da bunda!!!" Obrigado! De nada!

A outra é um pouco mais dolorida e conto como cometi um dos maiores erros da minha vida e você pode aprender com ela. Tudo começou, como muitas coisas, com alguns problemas para defecar.

Não, eu não estava constipado. Não era um problema de regularidade, porque na verdade eu sou até mesmo muito cagão e meu reloginho circadiano sabe exata e rigidamente os horários de exercitar o esfíncter; era mais uma questão de saneamento e organização na área de desalimentação.

Tudo levava a crer que meus "cuelhos" cresceram tanto que as badalhocas minúsculas ficavam constantemente presas na selva emaranhada como um pêndulo de Coucault. Isso me trazia muita frustração, ao saber que ainda havia um pitoco balançando em meu fuleco, era de cair o cu da bunda, literalmente.

Eventualmente, eu tinha que fazer duas coisas: ou enrolar minha mão inteira com papel higiênico e tentar puxar o badalo persistente, o que exigia uma precisão cirúrgica para evitar espalhar a criatura por todo meu rego, especialmente porque não tinha como ver o que estava fazendo, ou simplesmente fazer o asseio em etapas monitorando visualmente cada chumaço de papel higiênico para ver se havia a necessidade de mais uma demão.

Esse problema passou a me afligir, tanto que a cada vez que ia fazer a sessão de descarrego já começava a maquinar uma forma mais prática de acabar com tudo aquilo. Então, certo dia quando usava o banheiro da empresa, duas horas da tarde em ponto, me ocorreu... Eureka!

- "E se eu raspar toda esta cabeleira da bunda, hein? Adeus badalhocas!", pensei comigo mesmo em quase estado de regozijo. Esta ideia iria entrar para o rol dos maiores arrependimentos da história mundial recente. Naquele dia contei os minutos para o final do expediente. Não podia esperar o momento de chegar em casa e começar a minha sessão de barbeamento anal.

Chegando em casa, tomei um bom banho, demoradamente lavei a bunda com Phebo, sequei e pulverizei com talco. Afinal aquele seria um momento importante, pois pela primeira vez iria ver meu olho de Tandera em toda a sua glória. Separei um Prestobarba novinho, coloquei uma toalha na borda da cama, um espelho sobre uma cadeira bem à frente e me deitei de costas em posição de frango assado.

Minha Nossinhorinha! Misericórdia! Que coisa mais tonyrramense assustadora. Antes que fosse tomado por uma síncope psico-traumática comecei os labores do árduo processo de livrar meu brioco e adjacências das fartas melenas. Ocasionalmente eu tinha que me levantar para limpar o barbeador acumulado, mas gradativamente fui ficando feliz em ver como o bicho-cagão peludo tomava novos ares semelhantes às bochechas de um bebê recém-nascido.

A sensação era reconfortante, uma lufada de vento vindo da porta me fez ter sensações nunca antes experimentadas... um geladinho, bem gostoso. Mas de repente me veio à mente a imagem da minha mãe na porta me flagrando em momentos íntimos na adolescência. O que Dona Cida pensaria se me visse naquela posição? Apesar de morar sozinho, corri para fechar a porta. Vai que né?

Finalmente, fiz o acabamento com um novo barbeador e examinei meu trabalho, embevecido. A toalha estava coberta com uma pilha de pelos e meu cofrinho parecia uma arte grega feita com marfim, enrugada, mas de marfim. Sorri, triunfante e satisfeito, pensando que meus problemas se acabavam ali.

Ledo engano! Pouco eu sabia. Os acontecimentos decorrentes daquela sessão de higiene iriam me ensinar uma grande lição de porque devemos ter um respeito reverencial aos pelos anais. Como tudo no mundo criado por Deus tem seu poderoso propósito na existência, não seria diferente desta vez.

Tudo começou quando levantei no dia seguinte, e ao dar alguns passos em direção ao banheiro, senti um leve desconforto na área do fuleco.

- "Simples irritação...", pensei enquanto dava uma boa e renovada cagada. - "Logo passa!"

O busão lotado e o calor escaldante às 8 da manhã indicavam que seria um dia "daqueles". O incômodo se aprofundou quando subi dois lances de escada e percebi uma situação deveras desagradável. O suor havia se acumulado no meu rego e as duas bandas da bunda deslizavam freneticamente uma contra a outra a cada passo, dando a impressão que no instante seguinte iriam começar a bater palmas. Pensei em ir ao banheiro e limpar aquela meleca, mas encontrei o chefe, que, regulão do caralho, solicitou que entregasse a Lista de Material do projeto na primeira hora. Eventualmente, pensei, secaria naturalmente.

Infelizmente secou, mas apenas depois de se misturar com as moléculas de merda microscópicas que insistiram em não desgrudar do meu orifício ocular retro anal. O caso é que no fim do expediente daquele dia, minhas bochechas estavam devidamente grudadas com um composto químico de sais, mucos, fibras, celulose e suor... tudo junto e misturado. Quando cheguei em casa, começou a coçar. A Coceira! Senti como se um enxame de formigas estivesse subindo e descendo por minha rachadura.

No entanto, para não perder o costume, resolvi fazer a minha caminhada e levar Erika, minha cadela, para dar seu passeio diário. Outro erro, novamente, esse esforço me fez suar, e quando eu finalmente cheguei em casa, as minhas nádegas estavam ardendo e deslizando de um lado para o outro mais do que a bunda da globeleza sambando "Brasileirinho" no ritmo 7.

Abaixei rapidamente minhas calças, senti certo alívio e tentei refrescar e secar na frente de um ventilador. Ao separar as duas abas, um cheiro horrível preencheu a sala, meus olhos chegaram a lacrimejar e todos os cães dentro de um raio de quatro quadras começaram a uivar. Aquele futum explodiu no meu rosto e cambaleei para continuar em pé. Lutando contra o vômito e vendo como minha pobre cachorra gania no fundo do quintal, só um pensamento me ocorria:

- "Será que demora muito para os meus queridos pelos da bunda crescerem de novo?"

Quando tomei banho naquele dia, foi a primeira vez que molhei a bunda antes de molhar a cabeça. Nem jantei e relutava para não enfiar a minha mão lá (de novo) e coçar como se não houvesse um amanhã. Fiz o melhor que pude, limpando meu traseiro com todo o cuidado e carinho em todas as oportunidades.

Quando enfim assistia TV ao lado da Erika no sofá, acabei me esquecendo do calvário e resolvi dar um peido para assustá-la, uma brincadeira recorrente entre nós dois. Aparentemente, sem pelos, as duas gêmeas cor-de-rosa ficam mais aparelhadas e o resultado foi um peido frustrante que deslizou para cima e para baixo entre as nádegas mais perdido a que senha do wifi do vizinho.

Como se isso já não fosse o bastante, agora estou passando por outra fase de torturas. Como qualquer um que já raspou alguma parte do corpo ou fez uma depilação, bem sabe, quando os pelos estão crescendo, fica tudo "pinicando" como se fossem várias agulhinhas te torturando o tempo todo. Imagine sua bunda com a textura de um cacto.

Já usei óleo de cozinha, creme suavizante e hidratante para a pele, pasta d’água... nada! Eventualmente não uso mais cuecas para ir ao trabalho, onde fui apelidado de "caubói cagado" e recorrentemente algum engraçadinho me avisa que esqueci o cavalo em casa por causa da minha forma parcimoniosa de andar com as pernas abertas.

Ademais, quando, com a coleira na mão, chamo Erika para passear, é como se o convidasse para tomar banho. Vira fumaça. Está traumatizada a coitada.

Bem, é com isso que estou lidando agora. É uma tortura infernal, e há muitas vezes em que apenas olho pela janela do quinto andar e considero a possibilidade de por que eu não deveria simplesmente pular e me transformar em apenas um corpo estendido na calçada, ao invés de suportar essa agonia constante.

"Não raspem os pelos da bunda!!!"

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