A galinhola-americana (Scolopax minor) é uma ave de aparência engraçada, muito desajeitada e bico longo preênsil, com um monte de apelidos relacionados a sua aparência e comportamento. Ela tem pernas curtas, cabeça grande e arredondada e corpo rechonchudo com no máximo têm 25 a 30 centímetros de comprimento e pesam entre 140 a 230 gramas. As fêmeas são consideravelmente maiores que os machos. A galinhola é considerada da ave mais lerda do mundo, tanto em terra quanto no ar. Elas em geral habitam matagais úmidos, florestas úmidas, pântanos arbustivos e terras agrícolas abandonadas misturadas com florestas. |
É nesse último ambiente onde mora o perigo à margem de rodovias, porque estas aves levam "uma vida" para atravessá-las e geralmente não levantam voo se uma ameaça se aproxima e acabam atropeladas. De fato, elas dificilmente alçam voo pois preferem ficar ciscando no mato. O voo geralmente acontece quando migram à noite e é uma outra calamidade. Voam em baixas altitudes, individualmente ou em pequenos bandos soltos, colidindo com tudo que encontram pela frente.
As velocidades de voo das aves migratórias foram registradas em no máximo 26 km/h. No entanto, ela detém a velocidade de voo mais lenta já registrada para uma ave: 8 km/h. Por isso as colisões não causam grande estrago.
Acredita-se que as galinholas se orientam visualmente usando características fisiográficas importantes, como costas e amplos vales fluviais. Tanto as migrações de outono quanto de primavera são lentas em comparação com as migrações rápidas e diretas de muitos passeriformes. Muitas vezes, quando chega ao destino, já é época de retornar.
Estas aves também voam na primavera, quando os machos ocupam leks próximos à cobertura arbustiva, de onde cantam e realizam vôos de exibição ao amanhecer e ao anoitecer e, se os níveis de luz forem altos o suficiente, nas noites de luar. A chamada de solo do macho é um toque curto e agitado.
Depois de emitir uma série de chamados terrestres, o macho decola e voa de uns 90 metros no ar, desce ziguezagueando e inclinando-se enquanto emite um canto vibrante. Este vôo em alto espiral produz um som melodioso de gorjeio enquanto o ar passa pelas penas primárias externas das asas do macho.
Entretanto a particularidade mais notória das galinholas americanas é seu comportamento de balanço, onde caminham lentamente enquanto balançam ritmicamente seus corpos para frente e para trás. À medida que a ave caminha lentamente, sua cabeça e pescoço permanecem em um plano nivelado, mas seu corpo se move quase continuamente para frente e para trás.
Esse comportamento ocorre durante o forrageamento, levando ornitólogos como a teorizar que este é um método de persuadir invertebrados como as minhocas para mais perto da superfície, emulando o que é conhecido como "grunhido de minhoca", um ruído rítmico que atrai os anelídeos para a superfície.
A teoria do forrageamento é a explicação mais comum do comportamento e é frequentemente citada em guias de campo, mas isso não faz muito sentido, dado que elas balançam o corpo mesmo quando estão cruzando asfaltos, calçadas e neve. Não é por acaso que estas aves sejam celebridades avícolas em vídeos de dança no Youtube.
Além disso, a maneira como os pássaros andam é uma colocação suave dos pés no solo, e não o tipo de caminhada projetado para causar vibrações na terra. Se fosse esse o caso, a ave provavelmente pisaria com força no chão, pois são vibrações violentas que fazem as minhocas emergirem.
Uma teoria alternativa para o comportamento de balanço foi proposta por alguns biólogos. Pensa-se que este comportamento é uma exibição para indicar aos potenciais predadores que a ave está ciente deles. Algumas observações de campo mostraram que as galinholas ocasionalmente exibem as penas da cauda enquanto balançam, chamando a atenção para si mesmas.
Esta teoria é apoiada por algumas pesquisas que este é um tipo de apossematismo, que descreve uma série de adaptações antipredação em que uma aparência conspícua serve como sinal de alerta sobre a inapetência ou toxicidade do organismo aos potenciais predadores.
A coisa estranha é que, segundo alguns ornitólogos, as galinholas só andam assim sob certas condições: quando sabem que estão sendo observadas ou em habitat aberto, onde é mais provável que um predador poderia localizá-las. Elas não "dançam", quando estão em seu habitat de floresta sem saber que estão sendo observadas.
Todas estas considerações levam à hipótese, que deriva de observações de outros animais que se tornam visíveis para os predadores quando sabem que os predadores estão por perto. Pode parecer contraintiuitivo, mas em certas situações, alguns animais tornam-se altamente visíveis aos predadores, como forma de defesa. Você vai notar nos vídeos postados neste post que muitas pessoas param seus carros quando veem uma e esperam pacientemente que elas façam lá suas coisas de galinhola.
Por que um animal faria isso? E por que isso deteria os predadores? Se um predador sabe que a presa em potencial a viu e o informou dessa detecção por meio de uma exibição visível, é vantajoso para o predador não atacar, porque sua vantagem de furtividade foi perdida. Atacar provavelmente seria uma perda de tempo e energia. E é vantajoso para a presa potencial fazer tal exibição, porque ela usa menos energia para "andar nas rochas" do que, digamos, para voar para longe, e potencialmente deixar um local rico em comida.
A galinhola americana não é considerada globalmente ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza, pois é mais tolerante com o desmatamento do que outras galinholas e narcejas; desde que permaneça alguma floresta protegida para reprodução, ela pode prosperar mesmo em regiões que são utilizadas principalmente para a agricultura. A população estimada é de 5 milhões, por isso é o maçarico mais comum na América do Norte.
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