Peixe assustador choca caminhantes em região remota da Austrália

Enquanto caminhava pelos bancos de lama na remota região de Pilbara, na Austrália, um grupo de caminhantes encontrou um peixe de aparência extremamente assustadora em um pequeno buraco no chão. O grupo abaixa uma vara na água para ver como o peixe reagirá, e ele imediatamente morde a vara com seus dentes afiados. No vídeo, com mais de 10 mil comentários, a maioria diz que a criatura que parece ter nadado do nono círculo do Inferno é um stargazer, mas este não é o caso porque o feioso comtemplador-de-estrelas caça se enterrando no piso do oceano.

O peixe em questão é um peixe-mandíbula-preto (Opistognathus inornatus) comumente encontrado em áreas costeiras no noroeste da Austrália, que vive em pequenas tocas na areia e pode atingir cerca de 55 centímetros de comprimento, o que os torna um tipo de peixe-mandíbula bem grande.

Embora os peixes-mandíbula não representem um perigo sério para humanos, é melhor manter distância, pois eles podem ser territoriais perto de suas tocas. A mordida de dentes afiados, emoldurando sua boca escancarada, pode doer bastante. Algumas espécies são conhecidas até mesmo por cuspir areia e pedras em intrusos.

Os peixes-mandíbula também são conhecidos pelo hábito de chocar os ovos e os filhotes na própria boca, o que pode ser sinistro ou adorável, dependendo de como você olha para isso. Os machos do peixe-mandíbula são sobrecarregados com esse dever porque eles naturalmente desenvolvem cabeças mais longas e mandíbulas maiores do que as fêmeas, o que os torna ainda melhores para chocar muitos filhotes.

Esses ovos são fertilizados na água. A fêmea os deposita perto do macho, que os fertiliza e os coloca na boca. Enquanto ele choca sua ninhada de ovos, ele não pode comer nada. A incubação desses ovos geralmente leva até um mês, o que, para ser honesto, parece bem infernal.

Não é uma experiência livre de estresse para as fêmeas, mesmo que elas não tenham responsabilidades de chocar. As fêmeas têm que se preocupar com a possibilidade muito real de que o macho acidentalmente (ou de propósito) engula tudo e acabe logo com isso. Elas também podem engolir alguns ovos, ocasionalmente, só para passar o mês.

Felizmente, as fêmeas do peixe-mandíbula desenvolveram um truque bacana em resposta a isso: elas colocam ovos falsos sem gema ao lado dos ovos verdadeiros, na esperança de que, se o macho engolir alguns ovos, muitos deles sejam ovos falsos.

Os peixes-mandíbula não são os únicos animais a chocar ovos na boca. O peixe-tigre-cardeal (Cheilodipterus macrodon), encontrado em todas as águas tropicais da região do Indo-Pacífico, também o fazem. E como você pode ver abaixo, eles o fazem com desenvoltura:

A rã-de-Darwin (Rhinoderma darwinii), nativa das florestas temperadas do sul do Chile e da Argentina, é outra espécie incubadora bucal. O macho engole seus girinos muito jovens e os incuba em seu saco vocal até que eclodam. O macho guarda os ovos até que os girinos em desenvolvimento comecem a se contorcer, momento em que ele engole os girinos em seu saco vocal onde os ovos eclodem cerca de 3 dias depois.

A rã-de-Darwin-do-Norte, provavelmente extinta, pois há mais de 20 anos ninguém avista uma, incuba seus girinos até que eles sejam capazes de comer por sua própria conta e, em seguida, sai do seu ninho para poças d'água, liberando os girinos na água. No entanto, a rã-de-Darwin-do-Sul espera que os girinos se transformem em bebês-rãs completos dentro do saco vocal, pulando para fora de sua boca cerca de 50 dias depois e o espetáculo é simplesmente dantesco.

Quando chega o momento das rãzinhas saírem, o macho começa a ter espasmos e a expulsar os filhotes um por um. E este "parto" bucal horroroso pode se estender por mais de um dia. Não é por acaso que a rã-de-Darwin-do-Sul seja chamada de rã-vomitona.

Quando fez sua famosa viagem a bordo do HMS Beagle em 1932, Charles Darwin aportou no Chile, descobriu estas duas rãs que lhe deixaram boquiaberto. Não é para menos.