A expressão "sangue-no-zóio" parece ter sido cunhada à perfeição para o lagarto-espinhoso-real (Phrynosoma solare), um pequeno réptil nativo do México e do sudoeste dos Estados Unidos. Seu habitat principal são as montanhas do deserto de Sonora, onde passam a maior parte do tempo comendo formigas colhedoras e outros pequenos insetos. Eles podem comer até mil e quinhentas formigas em uma refeição, mas se você acha isso impressionante, vai adorar o mecanismo de autodefesa mais incomum: esguichar sangue dos olhos. |
A vida no deserto de Sonora é bastante dura, e este lagarto tem a sua parcela de predadores. De cobras e ratos carnívoros, a coiotes e lobos, todos adoram se deliciar com o pequeno réptil. Felizmente para o protagonista deste artigo, ele possui uma ampla variedade de táticas de autodefesa, cada uma especialmente projetada para lidar com predadores específicos.
Observando o lagarto espinhoso, os cientistas observaram que ele guarda sua técnica de esguichar sangue para situações muito específicas. Por exemplo, se alguém pegar um e até fingir machucá-lo, ele provavelmente ficaria lá e talvez silvasse um pouco. Não vai morder, arranhar e certamente não vai esguichar sangue. Ele guarda esse truque para quando for mais eficaz.
Esguichar sangue em cobras, ratos ou até humanos ajuda muito pouco o lagarto espinhoso, mas por alguma razão, é muito eficaz contra canídeos e felídeos, como coiotes e linces. O pequeno réptil é capaz de mirar onde esguicha o sangue dos olhos, e geralmente espera até que o agressor esteja pronto para mordê-lo, para que possa atirar diretamente na boca, onde causa mais danos. Mesmo que o sangue não seja venenoso, canídeos e felídeos o odeiam.
- "Eles têm uma reação quase violenta", disse à BBC Wade Sherbrooke, do Museu Americano de História Natural. - "Eles balançam a cabeça, salivam profusamente e tentam tirar o material da boca."
Aparentemente, o sangue contém uma toxina que se liga a receptores na boca dos canídeos, receptores que não são encontrados em humanos ou outras espécies. Sherbrooke afirma ter provado o sangue muitas vezes, mas não detectou nada além de um sabor amargo e ácido. Coiotes e linces infelizes o suficiente que foram pulverizados com o sangue na boca levam em torno de 15 minutos para se recuperar. A essa altura, o lagarto já se foi.
Então, como o lagarto-espinhoso-real tira sangue de seus olhos? Uma bolsa abaixo dos olhos do lagarto, o seio ocular, incha à medida que se enche de sangue e, com uma súbita onda de pressão, é esguichada pelos poros da pálpebra inferior em um fluxo que pode viajar até dois metros. Ele pode atirar sangue várias vezes, se necessário.
Sherbrooke afirma que o Phrynosoma solare é muito bom em diferenciar entre diferentes predadores. Quando ameaçado por uma cobra-chicote, que caça ativamente sua presa, ele fica quietinho, se misturando com o meio, enquanto, ao se deparar com uma cascavel, que caça espreitando, ele corre para as colinas. De alguma forma, ele sabe o que fazer contra todos os tipos de predadores e, embora nem sempre escape com vida, essa capacidade de tomar a decisão certa aumenta suas chances de sobrevivência.
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