Os peixes-bruxas são provavelmente as criaturas mais repugnantes do oceano

À primeira vista, o peixe-bruxa (Myxini), também conhecidos como enguias-de-casulo, enguias-de-muco, feiticeiras, mixinas ou bruxas-do-mar, parece muito com uma enguia. Os naturalistas podem distinguir os dois porque o peixe-bruxa, ao contrário de outros peixes, não possui espinha dorsal e, também, mandíbulas. Para todos os outros, existe um método ainda mais fácil. Basta olhar a mão segurando o peixe. Se estiver completamente coberta de muco, então, é um peixe-bruxa, amplamente considerado os animais mais repugnantes do oceano, se não da Terra.

As criaturas em forma de enguia usam quatro pares de tentáculos sensoriais finos ao redor de suas bocas para encontrar comida, incluindo carcaças de animais muito maiores. Embora não tenham mandíbulas, os peixes-bruxas têm duas fileiras de estruturas semelhantes a dentes feitas de queratina que eles usam para se enterrar profundamente nas carcaças. Ao comer carniça ou presas vivas, eles dão nós em suas caudas para gerar torque e aumentar a força de suas mordidas.

Ninguém tem certeza se as feiticeiras pertencem ao seu próprio grupo de animais, preenchendo a lacuna entre invertebrados e vertebrados, ou se estão mais relacionados aos vertebrados.

O único peixe-bruxa fóssil conhecido, de 300 milhões de anos atrás, se parece muito com um peixe-bruxa moderno, levando alguns cientistas a especular que ele mudou pouco desde então. Isso é uma indicação, não de que eles chegaram a um impasse e não estão evoluindo, mas de que chegaram a um plano corporal que ainda é muito bem-sucedido hoje.

Para afastar predadores e outros peixes que tentam roubar suas refeições, o peixe-bruxa produz uma gosma. Quando agredidos, as glândulas que revestem seus corpos secretam proteínas fibrosas que, ao entrar em contato com a água do mar, se expandem em uma substância transparente e pegajosa.

De acordo com a mitologia comum do peixe-bruxa, eles podem expelir 15 litros de muco em poucos minutos, mas isso é um exagero. Normalmente, ele libera menos de uma colher de chá de gosma das cerca de 100 glândulas limosas que revestem seus flancos. E em menos de meio segundo, essa pequena quantidade se expandirá 10.000 vezes, o suficiente para encher um balde de 15 litros.

Este gosma dá ao peixe-bruxa uma saída escorregadia quando atacado por predadores. Um peixe maior à procura de uma refeição fica com a boca cheia de baba, enquanto o peixe-bruxa pode deslizar para longe. Para evitar engasgar com seu próprio muco, ele pode "espirrar" pela narina cheia de muco e dar um nó em seu corpo para evitar que a baba pingue em seu rosto.

Em 14 de julho de 2017, um caminhão cheio de peixes-bruxas capotou em uma rodovia do estado norte-americano do Oregon. Os animais tinham como destino a Coreia do Sul, onde são considerados uma iguaria, mas, após um acidente de trânsito, os peixes foram espalhados por um trecho da rodovia, cobrindo a estrada e pelo menos um infeliz carro de gosma.

Embora seus hábitos alimentares pareçam repugnantes, os peixes-bruxa ajudam a limpar e reciclar animais mortos do fundo do mar. Eles também servem como fonte de alimento para peixes, aves marinhas e focas, pelo menos aqueles que não morrem sufocados com a gosma.

Os peixes-bruxas não têm mandíbulas, nem ossos. Eles têm um crânio feito de cartilagem, mas sem vértebras. Outra esquisitice sobre a espécie é que o principal carniceiro do fundo dos mares profundos tem quatro corações: um coração sistemático principal de três câmaras e três bombas acessórias.

As feiticeiras são ameaçadas tanto pela pesca intencional quanto pela captura acidental não intencional. Apesar de parecerem repulsivos, são indubitavelmente únicos. E só porque pareçam repugnantes para a sensibilidade humana não significa que não mereçam nossa atenção e proteção.

Um relatório de 2018 da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) constatou que 12% das espécies de peixe-bruxa correm um risco elevado de extinção. Uma espécie de peixe-bruxa está criticamente ameaçada, duas estão em perigo, seis estão vulneráveis à extinção e duas estão quase ameaçadas.