O besouro-tartaruga-dourado (Aspidimorpha sanctaecrucis), também conhecido como besouro-joia ou apenas joinha, é uma espécie que pode ser somente encontrado no sudeste asiático e que é pertencente à família de crisomelídeos, comumente referidos como besouros-tartaruga. É um besouro pequenino que pode alcançar um comprimento máximo de 14 milímetros. Seu diferencial é o reflexo dourado nos élitros e protórax, e um padrão característico com manchas posterolaterais e umerais bem desenvolvidas na margem do élitro, que faz parecer que ele está usando um traje espacial. |
Esta camada de quitina transparente altera a cor do coleóptero conforme a luminosidade e época do ano, devido a válvulas que controlam um fluído abaixo do exoesqueleto.
A joinha é ativa na estação chuvosa, com diapausa no inverno e no verão. Tanto os adultos quanto as larvas se alimentam de folha de batata-doce e apesar de pequena pode se converter em uma praga.
O besouro-joia parecer estar pronto para explorar a galáxia com seu capacete e traje de proteção perfeitos, mas esse incrível besouro nem sempre foi tão bonito.
Quando o besouro-tartaruga-dourado chega a fase adulta ele desfila em dourado brilhante e tons de magenta que brilham como papel amassado sob a luz, mas, como larvas, eles parecem um cruzamento entre uma barata com um cocar de espinhos.
E se você acha que isso parece nojento, fica muito pior: o principal mecanismo de defesa da larva da joinha é algo chamado escudo fecal. E sim, é exatamente o que parece.
As larvas de besouros-tartaruga tem ânus exclusivamente alongados que podem excretar uma enorme filete de cocô quando o exoesqueleto de "barata" é descartado. O dejeto então moldado em um escudo crocante é mantido acima do inseto.
E você ficará satisfeito em saber que o escudo fecal -também conhecido como guarda-sol fecal, se você quiser ser mais chique- não fica lá apenas como um guarda-sol.
Quando ameaçadas, as larvas de besouros-tartaruga usam seus excrementos como uma arma, empurrando-os contra possíveis predadores e, potencialmente, até mesmo roçando-os cobra toxinas para evadir predadores.
As coisas ficam ainda mais bizarras quando há várias larvas de besouros-tartaruga, porque quando ameaçado, um grupo de larvas formará um círculo fechado, empilhando umas sobre as outras com seus escudos fecais eretos e voltados para fora.
A mãe deles, se ela ainda estiver por perto, sentará no topo dessa pirâmide de horrores, ou atacará o perímetro, protegendo ferozmente sua ninhada. O investimento da mãe é o que surpreende. Ela fica lá guardando esta ninhada por duas a três semanas e colocando sua vida em risco.
Felizmente, a vida de um besouro-tartaruga não se resume a escudos fecais e longos ânus. Se as larvas chegam à idade adulta, elas se transformam nas belezas do mundo dos insetos, mas nesse ponto você provavelmente não as acha assim mais tão bonitinhas.
O Brasil também tem uma espécie de crisomelídeo, o besouro-tartaruga-imperial (Stolas imperialis).
Já o besouro-tartaruga-anelado (Ischnocodia annulus) da América Central, parece ter um pequeno alvo nas costas.
Muito provavelmente você está se perguntando como pode a larva defecar tão habilmente sobre si mesma? Essa parte é bem hilária porque o ânus delas é um tubo longo que é extremamente flexível e manobrável. Assim ele pode se estender e depositar as fezes exatamente onde elas querem colocar.
Quando os jovens chegarem à idade adulta e finalmente se separarem, no entanto, eles abandonarão o escudo de merda em favor de trajes mais civilizados. Como adulto, as bordas de seus exoesqueletos são geralmente transparentes. E eles vêm em todos os tipos de cores e iridescência, dependendo da espécie. Este realmente é o conto do "patinho feio" da entomologia.
Outra curiosidade dos crisomelídeos é que alguns machos menores fingem ser fêmeas para não ter que competir com rivais maiores. Enquanto os valentões se "pegam na porrada" para disputar uma fêmea, os pequenos malandros passam por eles e acasalam com as fêmeas sem serem detectados. Esse pequeno e brilhante truque evolucionário na verdade acontece em outras partes do reino animal. Alguns chocos machos menores, por exemplo, mudam de cor e postura para imitar as fêmeas, depois se esgueiram por baixo dos grandes machos que guardam um harém e se divertem.
Algumas espécies de besouros-tartaruga também podem mudar de cor na hora, embora isso provavelmente não tenha a ver com o acasalamento, já que ambos os sexos podem fazer isso. Se fossem apenas os machos fazendo isso para impressionar as fêmeas, seria uma história diferente. Seus élitros têm uma estrutura muito especial com espaços vazios permitindo que um fluído corporal faça o trabalho camaleônico.
Como esta mudança de cor ocorre em questão de milissegundos, os entomologistas sugerem que é uma questão de camuflagem. Embora ter todas essas cores sofisticadas possa torná-lo mais atraente para os parceiros, por exemplo, elas também o tornam mais atraente para os predadores -alternativamente, tons vibrantes podem servir como um aviso de que o besouro é tóxico-.
Ser capaz de vestir uma roupa nova na hora pode ser bom para proteção, quando você não tem mais a opção de esbofetear seus inimigos com seu cocô.
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