Existe um costume muito estendido, de ferver ou lavar com água quente os artefatos de limpeza doméstica, que espalha ainda mais a sujeira do que tira. Uma equipe de biólogos da Universidade Furtwangen, na Alemanha, sequenciou o DNA das bactérias presentes em 14 esponjas de cozinha usadas. O resultado confirma o que a sabedoria popular já intuía, que essas estopas são um autêntico ninho de bactérias. De fato, são o objeto com maior população bacteriana de toda a casa acima inclusive do que podemos encontrar nos banheiros. |
Os resultados do trabalho, publicados na revista científica Scientific Reports mostram que apenas um centímetro cúbico de uma esponja de cozinha usada têm uma população de 5 x 1010 bactérias. Esse número equivale a sete vezes a população de seres humanos sobre o planeta Terra. Segundo os autores do estudo, só há um material com maior densidade de bactérias: a matéria fecal.
O estudo confirma que as esponjas de cozinha novas, ainda que não sejam completamente estéreis, têm uma população de bactérias muito baixa. Com o uso e a umidade constantes, o microbioma nas cavidades dispara. Entre seus habitantes podemos encontrar:
- Campylobacter: uma das quatro bactérias mais comuns causadoras de doenças diarreicas e a principal causa de gastrenterite no mundo;
- Enterobacter cloacae: uma bactéria fecal presente no aparelho digestivo humano. Pode chegar a causar infecções do trato urinário ou infectar pessoas com o sistema imune deprimido;
- Escherichia coli: ainda que também esteja presente em nossas fezes, é um dos organismos patogênicos mais relevantes no homem, tanto na produção de infecções gastrintestinais como de outros sistemas (urinário, sanguíneo, nervoso);
- Klebsiella: as bactérias do gênero Klebsiella são responsáveis por um amplo leque de infecções entre as quais se destacam as pneumonias;
- Proteus: geralmente esta bactéria causa infecções do trato urinário, mas pode causar também otite, meningite e pneumonia;
- Salmonella: Outra suspeita habitual das gastrenterites e diarreias;
- Staphylococcus: algumas variantes deste microorganismo são as responsáveis por infecções leves da pele, mas pode chegar a ser perigoso se atingir outros órgãos por instrumental cirúrgico contaminado;
- Moraxella osloensis: é a principal causadora do desagradável cheiro podre de umidade nos trapos de cozinha. Não é especialmente perigosa para o ser humano, mas pode causar infecções em pessoas com defesas imunológicas baixas.
Existe o costume de limpar este tipo de esponjas com água fervente, colocando-as nas lavadoras de louça ou inclusive no microondas com água -se não tiver partes metálicas-, mas estes métodos têm um deficiência importante.
Segundo os autores do estudo, ferver as esponjas não mata 100% das bactérias. Tão só as menos resistentes. O efeito indesejado deste método é que só mata às bactérias mais débeis e deixa lugar aos patogênicos mais resistentes e perigosos. Combinar a limpeza com água fervendo com métodos mais seguros como submergir a esponja em água sanitária alonga um pouco a vida útil das mesmas, mas em geral o melhor conselho é substituí-las uma vez por semana.
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Comentários
O problema maior é que coloca a agua fervente, e depois deixar esfriar naturalmente. (a melhor temperatura para proliferação das bacterias é morno. assim volta quase a população inicial, mas com bacterias resistentes ao calor.)