![]() | Muitos ocidentais perguntaram-se alguma vez por que todos os orientais são tão parecidos. Existe até a infame comparação da igualdade com um caminhão cheio de japonês Mas é real sua semelhança ou trata-se só de uma sensação? A resposta a esta pergunta já foi objeto de numerosos trabalhos científicos centrados em analisar por que resulta tão difícil para o ocidental diferenciar entre si os asiáticos. Segundo os estudos realizados até o momento, o problema deve-se a que os ocidentais tem olhos pouco "treinados” para diferenciar os orientais já que não costumam conviver com eles. |

Além disso, outros trabalhos apontam que ocidentais e orientais seguem estratégias diferentes à hora de fazer um reconhecimento facial. Assim, enquanto os primeiros olham inicialmente os olhos e depois à boca, os asiáticos olham diretamente no nariz.
Pesquisas realizadas por cientistas da Universidade de Glasgow, Reino Unido, dirigidas pelo professor de Psicologia Roberto Caldara, se basearam na análise de movimentos oculares de dois grupos de ocidentais e asiáticos. A diferença na forma de olhar é um elemento que os cientistas não esperavam encontrar, já que até ali os estudos indicavam que o processo triangular de visualização do rosto -olhando primeiro os olhos e depois à boca- era comum a todos os humanos.
A explicação que os pesquisadores dão a este fato se baseia nas diferenças culturais.
- "Os ocidentais são mais individualistas e os asiáticos são muito coletivistas; eles tomam as decisões em grupo e não dão tanta importância ao indivíduo", afirmou Caldara.

Isto influiria profundamente em seu modo de perceber o mundo, de forma que olham o nariz porque para eles é falta de educação olhar diretamente nos olhos e porque é o melhor ponto para obter uma representação global do rosto. Como está no centro da cara, a visão periférica permite ver tudo ao mesmo tempo.
- "No entanto, nós os ocidentais olhamos por partes: primeiro um olho, depois outro e por último a boca", afirmou o pesquisador.
- "De qualquer forma, o importante é que este estudo revela que o que pensávamos que era universal não é, motivo pelo qual devemos ter cuidado à hora de generalizar", concluiu.
Este fenômeno que faz com que os ocidentais não diferenciem com precisão os orientais é conhecido como "efeito de outras raças" (ORE, segundo suas siglas em inglês). Este efeito ocorre porque os traços dos asiáticos são muito diferentes aos dos ocidentais e por isso, ao não estarmos acostumados a eles, acabamos não processando com exatidão suas características faciais.
O efeito ORE é um fenômeno demonstrado empiricamente em diversas pesquisas, plenamente aceito pelos especialistas, e também confirmados pelos estudos realizados pela equipe de Roberto Caldara. Mas estes especialistas já tinham feito dantes outros estudos que revelaram que o problema da distinção não só acontece por causa do ORE, senão também por motivos culturais.
Deste modo, seus estudos mostram que as dificuldades para reconhecer pessoas de outras etnias se devem mais a uma falta de convivência com elas que as características físicas.
- "Não diferenciamos os japoneses porque, ao não conviver com eles, não estamos habituados a reconhecer as pessoas com suas características; não estamos treinados para isso", assegurou Caldara.

Ademais, o psicólogo assevera que ainda que um ocidental vivesse em um bairro chinês, seguiria sem distingui-los se não se relacionasse com eles.
- "Para isso deveriam fazer parte de nosso meio pessoal, de nossa vida; deveríamos conhecê-los e esforçar-nos por distinguir entre um e outro, mas como normalmente não temos essa necessidade de aproximação, acabamos metendo todos no mesmo saco", afirmou o especialista.
Também em torno da segregação como possível causa do pior reconhecimento físico de pessoas de outras etnias foi feito um estudo da Universidade de Miami, nos EUA, publicado na revista da Associação para a Ciência da Psicologia. Sua conclusão foi que - "não as reconhecemos bem porque tendemos a classificar às pessoas como de nosso grupo ou de fora de nosso grupo, segundo sua classe social, gostos e outros parâmetros entre os quais se encontra a etnia."
Com freqüência as pessoas dividem o mundo entre nós e eles, isto é, dividem em grupos sociais segundo sua etnia, nacionalidade ou ocupação. Por este motivo, os cientistas sustentam que os problemas de reconhecimento podem ocorrer sem necessidade de que as pessoas sejam de diferente raça ou tenham um físico diferente, de forma que o que está em jogo é bem mais que uma falta de familiaridade com seus traços. Ou, o que é o mesmo, há um pouco do efeito ORE, mas muito de cultura.
O que acontece é que somos capazes de perceber mais diferenças entre os membros da etnia a que pertencemos do que entre os membros de outras etnias, de igual modo que todos os chimpanzés, por exemplo, nos parecem essencialmente iguais.

A verdade é que não estamos acostumados a ver as diferenças entre orientais da mesma forma que não saberíamos diferenciar entre 50 cores da neve como fazem os esquimós. Por isso tendemos igualá-los a um todo, em um processo que em psicologia é conhecido por estereotipia, o mecanismo muito comum ao qual recorremos porque não podemos assimilar toda a informação ao mesmo nível de especificidade.
Os asiáticos também fazem isso porque eles também nos percebem iguais entre nós, e por isso nos englobam dentro do grupo dos "ocidentais". Ademias além dos fatores culturais e geográficos acabamos fomentamos essa diferença pela seleção sexual, o que provoca ainda mais que os orientais sejam cada vez mais diferentes a nós e que todos nos pareçam, em consequência, mais uniformes. Como uniformes parecemos nós a eles.
Depois de ver o que reservamos no próximo post do MDig, você vai entender muito bem o porque existe esta confusão e porque ela não faz sentido algum. O trabalho de um cabeleireiro mostra decididamente que "tudo igual não é um caminhão de japonês" e que há toda uma miríade além dos Sato, Wang, Nguyen, Tanaka, Li, Zhang....
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