Ouça a dissonância estridente da passarada de quelea-de-bico-vermelho

O Parque Nacional South Luangwa, na Zâmbia, é uma maravilha protegida conhecida pela sua rica biodiversidade, natureza intocada e vida selvagem abundante, incluindo elefantes, hipopótamos, crocodilos e uma grande variedade de espécies de aves. Entre elas, o tecelão-de-bico-vermelho (Quelea quelea), também conhecida por quelea-de-bico-vermelho se destaca por ser a mais abundante de todas as aves do mundo, com uma população adulta estimada em 1,5 bilhão de casais.

De fato, algumas estimativas apontam que a população geral possa atingir os 10 bilhões de indivíduos. A espécie encontra-se inteiramente na África subsaariana, exceto nas regiões de floresta cerrada e na costa da África do Sul.

A espécie é especializada em se alimentar de sementes de espécies anuais de gramíneas, que podem estar maduras ou ainda verdes, mas ainda não germinaram. Dado que a disponibilidade destas sementes varia com o tempo e o espaço, ocorrendo em determinadas semanas após o início local das chuvas, as queleas migram como estratégia para garantir a disponibilidade de alimentos durante todo o ano.

O consumo de muitos alimentos com alto teor energético é necessário para que as queleas ganhem gordura suficiente para permitir a migração para novas áreas de alimentação.

Quando não encontram as sementes de gramíneas, os tecelões podem invadir arrozais e madrigais causando uma grande estrago. Isto os coloca em conflito com os humanos que dependem das cultivos das quais as queleas gostam de se alimentar. Por isso, em alguns locais elas são conhecidas como "gafanhotos emplumados".

Os governos do Botswana, Etiópia, Quênia, África do Sul, Sudão, Tanzânia e Zimbábue regularmente fazem tentativas para diminuir as populações de queleas. O método mais comum para matar membros de bandos problemáticos é pulverizar o avicida organofosforado fentião em colônias de reprodução e poleiros, ainda que no Quênia e África do Sul usam regularmente bombas incendiárias.

A quelea-de-bico-vermelho é capturada e consumida em muitas partes da África. Ao redor do Lago Chade, três métodos tradicionais são usados para capturar os pássaros. Os caçadores pertencentes à tribo Hadjerai utilizam redes manuais triangulares, que são ao mesmo tempo seletivas e eficientes. Cada equipe de seis caçadores captura cerca de vinte mil aves todas as noites.

Estima-se que cinco a dez milhões de queleas sejam capturadas perto de N'Djamena todos os anos, representando um valor de mercado de aproximadamente 380 mil reais.

O povo Sara utiliza redes de pesca verticais de malha muito fina, enquanto os pescadores Masa e Musgum lançam redes sobre grupos de aves. O impacto da caça na população de quelea é considerado insignificante. Armadilhas tecidas feitas de grama-estrelada (Cynodon nlemfuensis) também são usadas para capturar centenas dessas aves diariamente no distrito de Kondoa, na Tanzânia.

O guano é coletado em grandes poleiros na Nigéria e usado como fertilizante. Os turistas gostam de observar os grandes bandos de queleas, como durante as visitas ao Parque Nacional Kruger.

Diferentes dos murmúrios de estorninhos, os bandos voadores com milhares de pássaros emitem um som distinto devido às muitas batidas de asas. Depois de chegar ao local do poleiro ou ninho, eles continuam se movendo e fazem muito barulho por cerca de meia hora antes de se instalarem. Tanto os machos quanto as fêmeas cantam.

O tecelão-de-bicovermelho às vezes é mantido e criado em cativeiro por hobbyistas. Apesar de seu pequeno tamanho ele prospera se for mantido em viveiros grandes e altos, com espaço para voar para minimizar o risco de obesidade. Ave sociável, a quelea tolera aviários de espécies mistas. Também há que manter muitos indivíduos para imitar sua ocorrência natural em grandes bandos.

A grande distribuição e população do animal resultaram em um status de conservação listado como menos preocupante na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza.