Cientistas descobriram polvos na Indonésia recolhendo cascas de coco. Esta conduta sofisticada é a a primeira evidência de um animal invertebrado usando ferramentas.

Escondido entre as muitas criaturas estranhas que se ocultam nas profundezas do nosso planeta está um berçário de polvos, onde milhares de mães taciturnas de oito patas se aninham no calor das aberturas vulcânicas. Este espetacular "jardim de polvos" foi descrito pela "primeira vez" na revista Science Advances. Quase 6.000 polvos (Muusoctopus robustus) foram descobertos em seu jardim de 2,5 hectares. Os cientistas pensam que eles procuraram as fontes hidrotermais quentes de um vulcão extinto, situado perto do fundo do oceano, longe da costa da Califórnia, nos Estados Unidos.

O canal do youtube ReefIDFifer usou imagens subaquáticas fascinantes para mostrar como o polvo-do-coco (Amphioctopus marginatus) usa sua casca. Seja como meio de transporte, um local agradável para dormir ou proteção contra predadores, parece que um polvo e uma casca de coco vazia combinam bem. Com efeito, estes cefalópodes estão entre as criaturas marinhas mais inteligentes: usam ferramentas quando necessário e adotam uma postura muito semelhante ao dos seres humanos.

Em um clipe fascinante da série Octopus in My House da BBC Earth, David Scheel, professor de biologia marinha na Universidade do Alasca em Anchorage, explica como Heidi, seu cefalópode residente, é capaz de aprender e reter informações que levariam a uma recompensa. Para testar sua teoria, David colocou potes cheios de guloseimas no tanque de Heidi, que ela abriu facilmente pelo método de tentativa e erro. Todos os tipos de inteligência requerem feedback e o método é inato ao ser humano e os polvos fazem isso mais do que você poderia esperar.

Um grupo de turistas que visitava à costa de Gales para ver golfinhos encontrou um espetáculo bem mais raro. Mais de 20 polvos aproveitaram a noite para dar um passeio pela praia de New Quay. O mais intrigante é que, segundo os habitantes da localidade próxima de Ceredigion, não é a primeira vez. Brett Jones, proprietário de uma companhia de observação de golfinhos  conseguiu capturar o incomum espetáculo em vídeo.

Câmeras de vídeo subaquáticas registraram mais de 100 ocorrências de polvos jogando lodo e conchas uns nos outros na baía de Jervis, Austrália. Os vídeos, com filmagens de cerca de 24 horas, foram gravados em 2014 e 2015, mas só agora foram totalmente analisados. A equipe de pesquisadores que estudou o comportamento publicou suas descobertas ontem na revista cientifica Plos One. O polvo-sombrio ou polvo-comum-de-Sydney (Octopus tentricus) é nativo das costas da Austrália e da Nova Zelândia. Tem uma coloração marrom enferrujada e olhos brancos.

Uma teoria um tanto radical explica a grande inteligência e raridade dos polvos sugerindo que estes invertebrados são extraterrestres que evoluíram em outro planeta e chegaram à Terra através da panspermia. Ainda que a teoria soe mais ficção científica, foi publicada em um artigo da reputada revista científica, Progresso em Biofísica e Biologia Molecular, sob a co-autoria de 33 cientistas e com o seguinte título: "Causa de Explosão Cambriana - Terrestre ou Cósmica?".

Existem quatro espécies de polvo de manta que são assim chamados por causa do tecido entre alguns de seus tentáculos. Eles são conhecidos pelo uso de ferramentas: eles rasgam os tentáculos da caravela-portuguesa para usar como armas! Os polvos de manta também exibem um dimorfismo sexual extremo. As fêmeas podem ter mais de dois metros de comprimento, enquanto os machos são do tamanho de uma noz.

Em 2019, a equipe do Nautilus Live encontrou um polvo com cerca de 1,5 metros de comprimento a uma profundidade de cerca de 1.600 metros. O animal ondulava como uma "tenda" durante seu encontro de cinco minutos e meio com o E/V Nautilus ROV. Especialistas acreditam que o polvo pertence a Cirroteuthidae, uma família de polvos cirratos, mas a espécie exata é desconhecida. Pouco se sabe sobre os polvos cirroteutídeos além de que eles geralmente nadam ou flutuam perto do fundo do mar em profundidades entre 1.500 e 4.500 metros, onde a luz não penetra nas águas frias.

O polvo é o invertebrado com o maior cérebro e provavelmente o mais inteligente de todos. Sua inteligência guarda semelhanças com a dos humanos, mas evoluiu de maneira tão diferente que é muito difícil compreender até que ponto são inteligentes. Diferentes estudos e experimentos demonstraram que os polvos podem usar ferramentas, têm memória a curto e longo prazo e sabem resolver problemas complexos. Em liberdade, o polvo descobre seu meio de forma ativa, sem esperar que algo aconteça inesperadamente.