As cobras são uns desses animais que mais medo costumam causar. Apesar de que há alguns malucos, como Richard Rasmusse, que gostam bastante delas, há que reconhecer que a reação mais usual nos humanos ante estes répteis ou algo que se pareça em um primeiro momento é a manifestação do medo ou, quando menos, de respeito, sendo a decisão consciente mais usual a de manter a distância, matar ou fugir. Beagles todos querem salvar, cobras não! |
Cobra negra de barriga vermelha (Pseudechis porphyriacus), endêmica do leste da Austrália
Pois bem, ao que parece esta reação de medo às serpentes tem uma explicação neurobiológica segundo estudos recentes apresentados pelos cientistas, o que faz pensar que este medo aos ofídios é uma resposta muito ancestral presente não só nos humanos, senão também em outros primatas.
Segundo explicam Lynne Isbell e seus colegas em um artigo publicado recentemente na revista PNAS, existem alguns neurônios especializados em responder rápida e seletivamente às imagens de serpentes com maior rapidez do que qualquer outro estímulo. Estes neurônios encontram-se na parte posterior do tálamo cerebral, em uma zona chamada núcleo pulvinar, que processa a informação visual.
Este estudo, realizado em macacos, permitiu comprovar que a presença das serpentes ou objetos que possam parecer com elas, ativou um maior número destes neurônios, provocando nos primatas uma resposta mais rápida e intensa que com o resto dos estímulos empregados.
O tálamo é a estrutura cerebral encarregada de receber informação dos sentidos exceto o olfato, e de processá-la depois de maneira rudimentar. Esta informação depois passa para a amígdala cerebral, onde são armazenados estímulos de relevância e lembranças, como por exemplo, que as cobras podem ser perigosas para a vida.
Pois segundo estes pesquisadores, os neurônios especializados na detecção de cobras estão diretamente ligados com a amígdala e outras estruturas encarregadas das repostas rápidas, de maneira que ante a presença delas a resposta é de fuga automática, incrementando assim as probabilidades de sobrevivência do animal.
Como se vê, ao que parece, o medo de serpentes está fixado e gravado em nosso código genético desde tempos muito ancestrais, muito provavelmente devido ao perigo que estas representavam quando vivíamos na natureza e éramos muito vulneráveis a elas a cada dia. Isto explicaria por que as crianças pequenas que nunca viram uma cobra nem conhecem seu potencial perigo respondem também negativamente ante elas na maioria dos casos -exclusive na Índia e Tailândia-, resposta que muitas vezes é incrementada ao longo da vida devido à incorporação de lembranças e experiências reais ou exageradas pelo cinema e pela literatura.
O caso é que mesmo na Austrália, onde, segundo um comentário muito espirituoso que li ontem no MDig, a natureza faz suas experiências (o ornitorrinco é ou não é um monstro de Frankenstein?), as pessoas também tem pavor de cobras, como mostrado no vídeo logo abaixo, onde vemos dois jovens surtando (um quase entrega a rapadura) com uma cobra negra de barriga vermelha (Pseudechis porphyriacus) sobre os limpadores de pára-brisa de seu carro. Não culpo eles, mas com certeza Steve Irwin está se revirando no túmulo:
Dizem que esta cobrinha é como mato em matas, florestas e pântanos do leste da Austrália. É uma das mais conhecidas cobras do país porque é muito comum encontrá-la em áreas urbanas ao longo da costa leste do país. Pese que seu veneno seja capaz de causar morbidade significativa, uma picada dela geralmente não é fatal e menos venenosa do que outras serpentes australianas mortais. E no caso de você estar se perguntando o que aconteceu depois, aqui está o segundo vídeo:
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Comentários
Os idealizadores deste blog estão de parabéns. Conseguem falar de ciência, evolução e antropologia em cima de um vídeo bobo e simples. Que bom se tivéssemos mais pessoas interessadas em divulgação científica, talvez não teríamos tantos bandidos e criminosos na política como renans, genoínos, dirceus, sarneys lulas e toda esta corja de vagabundos.
Eu tentaria tirá-la usando um pedaço de madeira. E se ela fica esmagada no limpador?! Credooo.
É só uma cobrinha, tudo tenta te matar na australia, tem q se bruto para viver lá, não sei como a biba não morreu ainda.
A parte que mais gostei foi de que "um quase entrega a rapadura". :lol: :lol: :lol:
Essa dai é inofensiva, mas ninguém tem obrigação de saber se ele pica ou não.
Se contar que certa vez após uma pescaria uma jiboia saiu de dentro da caixa de barro do carro, alguém acredita? Não fosse um amigo pegar ela, enfiar dentro de um saco e soltar no mato, tinha morrido á pauladas.
E é nessa hora que o 'eu' interior aparece! Putz! Que entregada!
isso é uma bixona...
Yare, yare.
:sha: