Plantar árvores para salvar o planeta parece uma boa ideia: ainda que dependa de vários fatores, como a espécie, o solo e o clima do local onde foi plantada, uma árvore da Mata Atlântica, por exemplo absorve, em média, 163 kg CO2 nos seus primeiros 20 anos. Já uma árvore da Floresta Amazônica absorve, em média, 222 kg, o que significa que são dispositivos de armazenamento de carbono realmente eficazes. Tão eficazes que, simplesmente aumentando a quantidade de área florestal na Terra, podemos armazenar cerca de um quarto do dióxido de carbono necessário para evitar os piores aspectos das mudanças climáticas. |
É por isso que nós, terráqueos, estamos plantando cerca de 2 bilhões dessas máquinas de armazenamento de carbono todos os anos! Só que há um problema: se não tomarmos cuidado com a forma como plantamos árvores, corremos o risco de realmente liberar carbono, em vez de armazená-lo.
Questão nº 1: onde devemos colocar todas essas máquinas de armazenamento de carbono? Grandes espaços abertos parecem perfeito, mas muitas vezes já existe um ecossistema ali armazenando toneladas de carbono. Um acre de pastagem nativa, por exemplo, pode armazenar até 80 toneladas de carbono, cerca de 2/3 do carbono que um acre de floresta pode armazenar.
Plantar árvores ali, especialmente as não nativas, matará as gramíneas, perturbará o ecossistema e "desarmazenará" basicamente todo o carbono capturado. A mesma coisa acontece quando plantamos árvores em outros lugares, como charnecas e turfeiras, que podem parecer vazias, mas na verdade são ecossistemas estabelecidos que armazenam muitíssimo carbono.
Quando perturbamos essas áreas para plantar novas árvores, muito desse carbono é liberado. E claro, as árvores que plantamos -se realmente crescerem- acabarão sugando esse CO2 liberado, e talvez um pouco mais, de volta do ar, mas isso levará décadas, tempo que realmente não temos. É muito melhor deixar ecossistemas existentes, como pastagens e turfeiras intactos, e concentrar nossos esforços em lugares onde as florestas costumavam existir, antes de cortá-las para obter madeira ou terras agrícolas.
E é aí que muitos projetos de plantio acontecem. Mas aí, cometemos um erro diferente quando se trata de remover carbono: plantamos árvores em vez de florestas. Mais da metade de todos os projetos internacionais de plantio envolvem o preenchimento de áreas desmatadas com fileiras e mais fileiras de um ou dois tipos de árvores não nativas de rápido crescimento.
Esses projetos, que são basicamente fazendas de árvores, extraem carbono do ar, mas como as árvores geralmente são cultivadas para serem colhidas, o carbono que elas armazenam pode não ser armazenado por muito tempo. Além disso, como essas plantações são muito menos diversas do que as florestas naturais, elas não apenas armazenam menos carbono, mas também são muito mais propensas a doenças e secas, o que pode limitar severamente suas habilidades de armazenamento de carbono.
Se realmente quisermos armazenar o máximo de carbono possível, e mantê-lo armazenado, precisamos plantar florestas, não apenas árvores. Claro, proteger nosso planeta de danos ambientais não é apenas armazenar carbono; é também conservar plantas e animais nativos, manter a água limpa e garantir que todos tenham os alimentos e remédios de que precisam.
Mas acontece que plantar árvores de uma forma que maximize o funcionamento dos ecossistemas -em vez de maximizar o número total de árvores- atinge todos esses objetivos. Em outras palavras, quando se trata de plantar para o nosso planeta, precisamos ter certeza de que vemos as florestas em vez das árvores.
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