As imagens na linha do tempo em 2:25, do vídeo que ilustra este post, mostram-nos o instante em que um pato decide que é um bom momento para desembainhar seu descomunal e estranho pênis. Até agora, existiam certas dúvidas a respeito da natureza do tamanho de seus membros, mas um novo estudo resolveu o mistério, ao menos em parte, sobretudo porque existem poucas espécies de aves que tenham pênis. Os patos, como podemos observar, estão nesse grupo. |
Ademais, ganharam a reputação de animais com o membro mais estranho do reino. Algumas famílias de machos têm genitais em espiral, mais parecidos a um saca-rolhas do que outra coisa. Sua forma deve-se à vagina das fêmeas, similares a "labirintos" com becos sem saída e falsas passagens.
Um grupo de pesquisadores no Alaska, capitaneados pela cientista Patricia Brennan, descobriu um pato-de-rabo-alçado, às vezes referida como marreco-pé-na-bunda, (Oxyura jamaicensis) com um membro de 42 centímetros de comprimento, recorde mundial até a data. Patricia é também a autora principal do novo estudo, "The Auk: Ornithological Advances", onde tratou de averiguar se o meio social dos patos afetava o crescimento e o tamanho final de seu membro. Dito de outro modo: entender que razões biológicas há por trás da curiosa forma e tamanho de seus pênis.
Até há pouco, os estudiosos sabiam que os animais eram capazes de contrair e expandir seu membro até 10 vezes dependendo da temporada. Agora, parece que seu potencial depende da concorrência sexual. Patricia e sua equipe descobriram que, quão maior número de competidores sexuais masculinos, maiores são as probabilidades de que os pênis cresçam mais e mais rápido. Segundo o estudo:
- "O trabalho ilustra como as forças sociais podem realmente moldar a anatomia individual, mas também sugere como o conflito sexual e a autonomia dão forma ao comportamento social".
Para realizar seu estudo, os pesquisadores compararam duas espécies: os patos-de-rabo-alçado (muito promíscuos e com pênis relativamente longos), e os zarros-americanos (penes relativamente curtos e com casais fixos).
Ambas foram observadas em dois tipos de cenários diferentes com o sexo como contexto. Mantiveram os patos cativos em casal ou grupos durante a temporada de cria em um período de dois anos. Os resultados mostraram que os machos de zarros tinham pênis mais longos em média quando se encontravam em grupo com outros machos, em comparação com os que viviam em casal. Aparentemente, a concorrência estimulou-os para destacar entre a multidão.
Mas para os patos-de-rabo-alçado o resultado foi misto. Muitos machos não atingiram a maturidade sexual até o segundo ano. Quando isto aconteceu, os que estavam em grupos o pênis cresceu mais rápido do que os que estavam em casais, ainda que não todos ao mesmo tempo.
Patricia explica que isto se dá porque os machos que enfrentam a concorrência podem compensar estrategicamente seu desenvolvimento entre si para reduzir os custos da agressão entre eles. Ademais, ao ter um pênis médio mais longo que a maioria das espécies aquáticas, sua capacidade para crescer em base a sinais sociais é mais limitada.
A pesquisa, publicada na Nature, conclui que seu estudo mostra até que ponto o nível de concorrência experimentado pelos machos pode ter um efeito sobre seus membros. Algo insólito, já que o único outro animal conhecido que modifica seus genitais de acordo com o meio social é o balanus, um crustáceo cujo pênis aumenta quando sua colônia está muito pouco povoada.
Seja como for, agora sabemos que alguns destes patos são capazes de aumentar seus membros unicamente para poder rivalizar com outros machos. Restará algum outro segredo? Para Patricia não há dúvida de que sim. Tanto, que a pesquisadora planeja continuar seu trabalho, pois para ela este é um exemplo fascinante de outra forma em que a evolução pode acabar dando genitais mais elaborados.
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